Traficante mata ex-comparsa e grava áudio para negar mudança de facção

A Polícia apura a denúncia de que durante uma guerra interna entre traficantes de São Gonçalo dois dos bandidos foram mortos: um deles seria Schumaker Antonácio do Rosário, 34 anos - integrante da facção Comando Vermelho (CV) e chefe do tráfico nas bocas-de-fumo do Jardim Catarina.

Ele teria recebido ordem da cúpula da facção para matar o então comparsa Thomaz Jhayson Vieira Gomes, o 2N, 26 - mas este teria sido mais rápido e conseguido efetuar disparos contra Schumacher e Ricardo Severo, o Faustão, 39.

O caso ocorre cinco meses após o início de um desentendimento entre 2N e Antônio Hilário Ferreira, o Rabicó ou Coroa, 53 - uma das lideranças do CV e dono do Complexo do Salgueiro, que atualmente cumpre pena na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Em novembro de 2018, descontente com os frequentes assaltos e roubos de cargas no trecho Niterói-Manilha da BR-101 - que corta vários acessos ao conjunto de favelas que compõem o Complexo do Salgueiro - Rabicó teria ordenado que 2N passasse o controle das bocas-de-fumo para Adenilton de Madureira Vasconcelos, o Tilu da Balança, e definido que Faustão passaria a supervisionar a administração na região.

No entanto, 2N descumpriu a ordem e matou Tilu. Na noite desta quinta-feira, dia 25 de abril, ao desconfiar que seria morto, teria agido antes. A informação de que ele teria pulado para a facção rival Terceiro Comando Puro (TCP) não foi confirmada.

O próprio 2N, horas após a morte de Schumaker, desmentiu o boato afirmando ainda, em um áudio, que "nós somos contra os maus tratos, a tortura, o sofrimento e a covardia".

A Polícia acredita que a frase foi uma justificativa à morte do chefe do tráfico nas bocas-de-fumo do Jardim Catarina, que vinha sendo acusado por moradores de implantar o terror na região.

Além de expulsar PMs nascidos e criados no local, instalava barricadas nas vias dificultando o acesso de veículos de concessionárias e empresas de serviços e também coordenava ataques a viaturas e postos policiais.

O boato de mudança de facção estava causando temor em moradores tanto do Jardim Catarina como do Salgueiro, com receio de que pudesse ter início a uma guerra na região.