De acordo com reportagem da Agência Brasil publicada em janeiro deste ano, o Brasil resgatou no ano passado 3.151 trabalhadores em condições análogas à escravidão, o maior número desde 2009. Este dado revela um retrocesso no combate ao trabalho escravo, em grande parte devido à diminuição do número de auditores fiscais do trabalho, que está no menor nível em 30 anos. Desde a criação dos grupos de fiscalização móvel em 1995, já foram resgatados 63,4 mil trabalhadores em situações análogas à escravidão.
Com o objetivo de discutir essa preocupante realidade, a Pastoral Operária do Leste 1 e o Fórum Grita Baixada convidam para o Seminário "Diga Não ao Trabalho Escravo Urbano e Rural", que acontecerá neste sábado (13), das 08h30 às 11h30, na Sala Padre Fernando Vandenabeele, no Centro de Formação de Líderes (CENFOR).
Depoimentos impactantes
“Foram 30 anos sem ganhar salário. Chegou a um ponto em que ela não queria mais que eu comesse ou tomasse café. Eu só podia ir para o meu quarto tarde da noite e não podia conversar com ninguém”, relatou uma trabalhadora idosa resgatada, em entrevista à TV Brasil em março do ano passado. Infelizmente, ela morreu de uma parada cardiorrespiratória antes de receber qualquer indenização da Justiça.
Setores críticos e características do trabalho escravo moderno
Apesar de comum nas cidades, o trabalho escravo no campo e em atividades agrárias é predominante, com resgates frequentes em plantações de café, açúcar e vinho.O trabalho escravo moderno é caracterizado por condições degradantes ou jornadas exaustivas, e a restrição da liberdade do trabalhador, que é impedido de deixar o local de trabalho devido à apreensão de documentos, ameaças ou dívidas contraídas com o empregador.
Especialistas convidados
Para assessorar o encontro, foram convidados o Padre e Professor da UFRJ, Ricardo Rezende e o Advogado Trabalhista Cleber Antonio dos Santos, referências no tema do trabalho escravo.
Apoio e inscrições
O evento conta com o apoio da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, do Centro dos Direitos Humanos de Nova Iguaçu, da Comissão Pastoral da Terra, do Coletivo Terra - Assentamento Terra Prometida e do Sindicato dos Profissionais de Educação de Nova Iguaçu. As inscrições online podem ser feitas até hoje (11) pelo link: https://form.jotform.com/241813531441650
Serviço
• Evento: Seminário "Diga Não ao Trabalho Escravo Urbano e Rural".
• Data: 13 de julho.
• Horário: Das 08h30min às 11h30min.
• Inscrições: Até 11 de julho exclusivamente pelo link: Inscrições
• Local: Sala Padre Fernando Vandenabeele - Centro de Formação de Líderes (CENFOR).
• Endereço: Rua Dom Adriano Hipólito, 8 - Moquetá - Nova Iguaçu (RJ), ao lado do SESC.
• Promoção: Pastoral Operária do Leste 1 e Fórum Grita Baixada.
• Apoio: Casa do Menor São Miguel Arcanjo, Centro dos Direitos Humanos de Nova Iguaçu, Comissão Pastoral da Terra, Coletivo Terra - Assentamento Terra Prometida e Sindicato dos Profissionais de Educação de Nova Iguaçu.
Sobre o Professor Ricardo Rezende Figueira
Ricardo Rezende Figueira iniciou sua militância na Comissão Pastoral da Terra (CPT), dedicando-se ao tema do trabalho escravo desde então. Reconhecido ativista, ingressou no mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade na UFRRJ em 1997 e, posteriormente, no doutorado em Antropologia na UFRJ, concluído em 2003. Seu livro “Pisando fora da própria sombra: a escravidão por dívida no Brasil contemporâneo” ganhou o Prêmio Jabuti em 2005. Desde 2007, é Professor Associado do Curso de Serviço Social na UFRJ, onde coordena o Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTEC/UFRJ).