Castro promete punir quem vazou megaoperação na Zona Oeste contra milícia e tráfico

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, admitiu que houve vazamento de informações sobre a Operação Ordo, deflagrada em 10 comunidades da zona oeste da capital para combater a facção criminosa Comando Vermelho e milícias que agem na região. A operação, iniciada nesta segunda-feira (15/07) e sem data para terminar, envolve dois mil policiais civis e militares, que ocupam favelas em Jacarepaguá, Recreio dos Bandeirantes e região das Vargens Pequena e Grande.

Castro garantiu que os responsáveis pelo vazamento de informações serão punidos de forma rigorosa. Ao fazer um balanço do primeiro dia da megaoperação, o governador explicou que as forças de segurança do estado farão um raio-x para dar base à investigação e identificar, com inteligência, criminosos que orquestram as atividades ilegais. Assim, segundo ele, o governo poderá bloquear bens e recursos financeiros e também prender esses bandidos. Castro destacou que o objetivo é asfixiar qualquer grupo que atente contra a população de bem.

A Ação Estruturada Ordo entrou em seu segundo dia com 36 prisões realizadas pelas forças de segurança do Governo do Estado, nesta terça-feira (16/07). Deste total, 29 foram presos em flagrante e sete em cumprimento de mandado de prisão. Além disso, quatro adolescentes infratores foram apreendidos. Um terço das prisões foi realizada por crimes contra o patrimônio, como furtos de energia e água, que colaboram para o domínio territorial e fortalecimento financeiro das organizações criminosas.

- A ação continua hoje e, de acordo com dados de inteligência que as nossas forças de segurança obtiverem, poderá se estender para mais locais. Estamos atuando dentro das comunidades. Temos que combater a ocupação territorial que leva às guerras e à lavagem de dinheiro, e que vem através dos serviços de concessionária como água, gás, luz e até locais de venda de gelo e pão - afirma o governador Cláudio Castro.

Ouça no Podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre o vazamento de informações da Operação Ordo, a ação integrada contra o tráfico de drogas e a milícia em dez comunidades da Barra e Jacarepaguá.

Entre os presos desta manhã com mandado de prisão em aberto está Jefferson Moreira Ferreira, que foi preso por policiais penais da Divisão de Recapturas na Cidade de Deus. Contra ele havia mandado de prisão expedido, desde 2020, pelo crime de roubo. Ele foi conduzido à delegacia.

Em outra frente, a Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil encontrou mais de uma tonelada de alimentos com validade vendida durante fiscalização em mercado da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Pacotes de linguiça e peixe foram inutilizados. Além disso, a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) apreendeu peças de vestuário e outros produtos falsificados em localidades da Gardênia e Rio das Pedras. Os estabelecimentos foram autuados por crimes contra a propriedade industrial e será investigada a ligação com atividades de organizações criminosas.

Agentes do Detran realizam ações nas ruas e vias expressas. Equipes estão abordando veículos na Avenida das Américas, no Recreio dos Bandeirantes e na Estrada da Barra da Tijuca, no Itanhangá. Até o fim da manhã, 121 veículos foram abordados, 25 deles autuados, dois carros e uma motocicleta foram removidos. A moto foi encaminhada para a 16ª DP (Barra da Tijuca), porque tinha placa de outro veículo. Equipes do órgão, com apoio de policiais do 18 BPM e da Secretaria municipal de Ordem Pública, também estão realizando fiscalizações em ferros-velhos na comunidade da Gardênia Azul.

Na região do Terreirão e das Vargens, o Comando de Polícia Ambiental da PM realizou patrulhamento terrestre e marítimo ambiental no complexo lagunar de Jacarepaguá. Os agentes identificaram uma construção irregular e uma fábrica de laje, funcionando sem licença operacional, em Vargem Grande. Duas pessoas foram conduzidas à Delegacia de Proteção do Meio Ambiente para prestar esclarecimentos.

Ainda durante a manhã, o secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, se reuniu com as empresas de serviços Iguá, Oi, Naturgy e Light para alinhar o segundo dia de atuação. O objetivo é asfixiar financeiramente as organizações que exploram serviços de energia, gás, internet, entre outros. Na reunião, foi definido o planejamento da atuação das concessionárias para a regularização do fornecimento. O serviço de inteligência da Polícia Civil identificou as dificuldades e necessidades de cada região, além de quais atividades comerciais são exploradas.

A ação estruturada Ordo

A grande ação de segurança pública para combater a criminalidade mobiliza 10 comunidades de seis bairros da Zona Oeste do Rio: Cidade de Deus, Gardênia Azul, Rio das Pedras, Morro do Banco, Fontela, Muzema, Tijuquinha, Sítio do Pai João, Terreirão e César Maia.

O efetivo policial empregado, diariamente, conta com 2 mil militares, civis e agentes do programa Segurança Presente. As ações têm o apoio de 200 viaturas, 40 motocicletas, dois helicópteros, ambulância blindada, além de um grande aparato tecnológico, que inclui drones com câmera de reconhecimento facial e de leitura de placas, faróis de busca e imageador térmico.

O Centro Integrado de Comando e Controle Móvel foi instalado ao lado da base do Barra Presente, na Avenida Ayrton Senna.