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Intrépida Trupe lança e-book e videoarte sobre projeto que une ancestralidade, afetividade e reconexão com a natureza

Pesquisa sobre o uso do bambu no universo circense guia os próximos passos da companhia

Por Portal Eu, Rio! em 22/07/2024 às 18:02:49

Foto: Divulgação

Referência do circo contemporâneo no Brasil e com 38 anos de muito trabalho e vários prêmios na bagagem, a Intrépida Trupe segue tecendo parcerias e criando magia. Em seu novo projeto de pesquisa, capacitação e criação artística, Bambuá, a companhia reuniu artistas do circo, dança, teatro e música para estudar e experimentar o uso do bambu no universo circense, desde a construção de aparelhos até a exploração de movimentos no material. Este trabalho está registrado em um e-book e no videoarte Bambuá, que tem direção de Cavi Borges e de Beth Martins, diretora artística da companhia, que serão lançados em sessão única no Estação Net Rio, em Botafogo, nesta quarta-feira (24), às 21h, em sessão única e gratuita.

Diretora geral e artística do projeto e uma das fundadoras do grupo, Beth Martins explica que a escolha do bambu como matéria-prima de toda esta experimentação foi totalmente orgânica. “A minha origem é do mato, nasci e cresci no Centro Oeste, assim como a Vanda Jacques, cofundadora do grupo. Vivemos rodeadas de natureza, próximas às nascentes de águas, bambuais, ventos, pomares… eu me nutro das minhas relações com a natureza, com as pessoas, com a arte e as minhas leituras. Li vários livros de Ailton Krenak, grande fonte de inspiração neste caminho, entre outros autores, como Clarice Lispector, Manoel de Barros e Nêgo Bispo. Em 2019, comecei este mergulho sensível no universo do bambu, em uma residência imersiva com Poema Muhlenberg, da Escola Nós No Bambu”, conta ela. Beth e Vanda enumeram as características do bambu que são comuns à própria natureza da Intrépida: flexibilidade e força, resiliência e resistência, a propriedade de curvar-se sem quebrar. “Apesar de tantas dificuldades que passamos nos últimos anos, toda esta potência rizomática compartilhada com os nossos parceiros de criação e o nosso público nos fortaleceu. A partir desse trabalho iniciamos a nossa retomada em conexão com a nossa origem”, diz Vanda. “O próprio nome do projeto, Bambuá, é um neologismo que transforma o movimento com o bambu no verbo, ‘bambuar’, ou seja, mover-se como e com o bambu”, completa Beth.

O Projeto

Bambuá marca a retomada definitiva das atividades da Trupe, parcialmente suspensas desde a pandemia da Covid-19. Desenvolvido em instâncias diferentes, o projeto foi pensado para gerar conteúdos diversos, como performances artísticas, novos objetos, coreografias e vídeos que transitam pelo universo do circo, da dança, do teatro, dos movimentos circenses, da performance e do audiovisual. “O ponto de partida foi a construção de aparelhos em bambu e a experimentação destes com foco na relação corpo-bambu”, aponta a diretora artística.

Em seguida, veio a criação de composições coreográficas e cênicas com os instrumentos acrobáticos concebidos, experiências que foram compartilhadas com o público em apresentações de uma mostra em dois espaços da cidade, na Lapa e em Madureira, e registradas em vídeo. ”A proposta inicial era fazer pequenos videoartes, mas durante a edição surgiu a irresistível ideia de fazer um audiovisual em média metragem, que acabou ficando com 55 minutos. O filme é uma visão poética de fragmentos desta trajetória corpo-bambu. Um mergulho profundo na intimidade deste trabalho coletivo, com foco no sensível no cuidado pessoal e com o outro, no amor e na conexão com a Mãe Terra e com a nossa ancestralidade, com os nossos mestres e artistas que vieram antes de nós”, conta Beth.

O filme expõe momentos reveladores de uma forma muito própria da construção de uma linguagem. “O que está ali são registros experimentais, com a câmera por vezes muito próxima de nós, por dentro das estruturas que criamos. Isso mostra, de forma íntima, o nosso jeito de trabalhar, fruto de um trabalho artístico e coletivo, repleto de afetividade. “Optamos por manter erros e momentos engraçados, pois isso também é parte do nosso processo”, conta Cavi. Beth reforça que “ali estão os primeiros passos deste processo criativo, que esperamos transformar em um espetáculo e que possamos levá-lo para outras cidades e estados.”

E-book

Paralelamente ao videoarte, a Intrépida fará o lançamento do e-book Bambuá, que traz anotações, textos, fotos e vídeos, um panorama descritivo e ilustrado do processo, além dos parceiros que estiveram com a Intrépida Trupe nesta trajetória. O conteúdo também apresenta o resultado detalhado dos cinco dias de oficina e os meses de pesquisa criativa, durante os quais foram compartilhados os princípios e vocabulário da arte corpo-bambu e os jogos de experimentação e improvisação com os esses instrumentos. “Está tudo ali, aula por aula, contando como foi o período deste processo criativo coletivo. Queremos compartilhar esse conhecimento e nossa expectativa é que este material chegue a outros grupos, alunos, professores, formadores, artistas, pesquisadores e profissionais das artes do circo para que possam se beneficiar, compartilhar e multiplicar saberes a partir do que desenvolvemos em Bambuá. Assim a Intrépida deixa mais um legado para a cultura do país”, enfatiza Beth.

Após o lançamento, o filme e o e-book Bambuá estarão disponíveis gratuitamente no canal do YouTube no site do grupo, respectivamente.

Este projeto recebe fomento da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa de Fomento à Cultura Carioca - FOCA.


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