Policiais militares do 16º BPM, de Olaria, zona norte do Rio de Janeiro, realizaram na segunda-feira (22) operação com apoio de batalhões do 1° Comando de Policiamento de Área (1º CPA) nas comunidades dos bairros de Brás de Pina, Cordovil e Parada de Lucas, que integram o Complexo de Israel. O objetivo é evitar a disputa de territórios entre criminosos e a retirada de barricadas, segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar.
“O Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) e o Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão estão realizando um policiamento preventivo na Avenida Brasil”, comunicou a secretaria. Até o momento, nove suspeitos foram detidos, três fuzis, quatro pistolas e cinco granadas foram apreendidos, além de entorpecentes, que ainda serão contabilizados. A ocorrência foi encaminhada para a 21ª DP.
A operação teve início bem cedo e resultou no fechamento da Avenida Brasil em três ocasiões, obrigando os motoristas que passavam pela via a sair dos carros e se jogar no chão, temendo balas perdidas. A via foi reaberta por volta das oito da manhã e voltou a ser fechada às dez.
A porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Cláudia Moraes, explicou que as retenções que ocorreram na Avenida Brasil tiveram a segurança por objetivo, uma vez que havia na avenida policiais do BPVE e do Recom. A porta-voz explicou que é necessário fazer o bloqueio da via para evitar que pessoas fiquem na linha de tiro. “A atuação dos criminosos é usar de todas as estratégias para evitar a ação da Polícia Militar”, disse Cláudia Moraes.
Esses intensos tiroteios no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, aterrorizaram os moradores. Por causa dos confrontos, a Avenida Brasil, principal via expressa da cidade, chegou a ser bloqueada pela manhã (duas vezes) é à tarde na segunda-feira (22), em ações preventivas do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas. Cinco estações de trem também foram temporariamente fechadas. O Complexo de Israel tem esse nome pela decisão do traficante Álvaro Pereira, o Peixão, de instalar uma estrela de Davi luminosa no ponto mais alto dos morros que domina e perseguir católicos e umbandistas, proibindo missas e depredando terreiros.
Pelas redes sociais, moradores relataram momentos de terror por causa dos tiroteios. Um usuário compartilhou um vídeo de passageiros agachados dentro de um ônibus que passava pela Avenida Brasil, na altura de Brás de Pina, em meio a troca de tiros.
Segundo a Polícia Militar, agentes fazem uma operação nas proximidades de Brás de Pina, Cordovil e Parada de Lucas para combater a a disputa de territórios entre criminosos e retirar barricadas colocadas pelo crime organizado. Até a metade da manhã, não havia registros de mortos ou feridos.
Os tiroteios se tornaram mais frequentes depois da tentativa do Comando Vermelho de retomar territórios controlados pelo Terceiro Comando Puro, facção que domina o Complexo de Israel.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus) informou que um veículo da linha 335, Cordovil x Pça. Tiradentes, foi sequestrado e utilizado como barricada no Complexo de Israel. A linha também sofreu alteração no seu itinerário.
Os centros municipais de Saúde José Breves dos Santos e Iraci Lopese, as clínicas da família Nilda Campos e Heitor dos Prazeres acionaram o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspenderam o funcionamento nesta manhã . As CF Eidimir Thiago de Souza e Joãosinho Trinta mantêm o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no complexo, como as visitas domiciliares, estão suspensas.
A Secretaria de Estado de Educação relatou que, até o momento, quatro escolas estaduais precisaram ser fechadas por causa das operações policiais na região. A rede de ensino municipal não foi afetada, porque os alunos se encontram em férias.
A Concessionária Supervia teve que interromper a circulação dos trens em parte do ramal Saracuruna, com o fechamento de seis estações entre Vigário Geral e Penha Circular.
* Sob a supervisão de Tâmara Freire
Fonte: Agência Brasil e RadioAgência Nacional