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Sancionada lei que Institui o Dia Nacional do Funk

Proposta foi projetada para celebrar o ritmo que é considerado uma expressão cultural genuinamente brasileira

Por Cintia Dias em 06/08/2024 às 08:50:12

Academias como a Aquacenter, na Taquara, incorporaram o funk em suas aulas de spinning. Foto: Divulgação

No dia 12 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, sem vetos, a Lei 14.940 de 2024, que institui o Dia Nacional do Funk. A nova legislação tem suas origens no Projeto de Lei 2.229/2021, de autoria da senadora Janaína Farias (PT-CE), e foi projetada para celebrar o ritmo que é considerado uma expressão cultural genuinamente brasileira. A data escolhida para a comemoração coincide com o dia do histórico Baile da Pesada, realizado em 1970, que marcou o início da popularização do funk no país.

Nos dias atuais, o funk se reinventa e ganha novos espaços, como nas academias, onde aulas de dança têm se tornado uma alternativa para aqueles que desejam dançar ao som desse ritmo sem necessariamente participar de bailões. Essa nova abordagem permite que as pessoas reconheçam a riqueza cultural do funk. Para os mais tímidos, a plataforma Ninja é repleta de professores online que ensinam os passos desse ritmo. Academias de classe média, como a Aquacenter, na Taquara, e a rede Smart Fit, oferecem aulas que incorporam o funk, atraindo alunos que se animam com esse estilo musical. Vinícius Ribeiro, professor de spinning com quase 20 anos de experiência na Academia Aquacenter, compartilha que seleciona funks que não apenas dão ritmo às suas aulas, mas também criam uma identidade com seus alunos. "Nas minhas aulas matinais, os alunos se energizam ao som do funk enquanto pedalam," relata.

Entretanto, apesar de sua significativa contribuição cultural, o funk ainda é alvo de marginalização e estigmatização, muitas vezes visto como uma forma de música de baixa qualidade, associada a contextos de violência e ilegalidade. No entanto, o funk é também uma vital ferramenta de inclusão social, oferecendo oportunidades para jovens talentos e atuando como um meio de combater o preconceito de gênero.

A renomada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, em uma de suas palestras TED, enfatizou os perigos de histórias ou narrativas únicas, que refletem uma perspectiva singular dos fatos. Adichie compartilhou suas experiências, desde sua formação em um contexto literário limitado até os preconceitos que enfrentou ao morar nos Estados Unidos. Ela argumentou que essas narrativas criam estereótipos e visões incompletas sobre povos e culturas.

Nesse contexto, é essencial questionar por que as comunidades responsáveis pela produção do funk frequentemente enfrentam estigmas de violência e ilegalidade. A narrativa predominante sobre esse gênero musical é permeada de preconceitos que associam áreas periféricas, populações de favelas e comunidades negras a estereótipos negativos. A ideia de sucesso, muitas vezes, é vinculada à capacidade do artista de escapar de seu “gueto” e se estabelecer em áreas consideradas nobres, perpetuando uma visão distorcida da realidade.

O funk, no entanto, é uma força de libertação, capaz de desafiar preconceitos e convidar os indivíduos a uma reflexão mais profunda sobre suas próprias experiências com discriminação. Ao promover esse gênero musical, não apenas se rompe com estigmas, mas também se contribui para a construção de novas narrativas que empoderam e humanizam aqueles que foram marginalizados por histórias únicas.

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