Um projeto que tem promovido o empoderamento de muitas mulheres no campo desde 2017 ao prover soluções tecnológicas ambientalmente, financeiramente e socialmente sustentáveis, esse é o resumo do Projeto Energia das Mulheres da Terra que foi matéria essa semana do Inter Press Service News Agency.
Soluções sustentáveis para a produção de polpa de frutas e para a recuperação de nascentes, instalação de uma padaria comunitária, de biodigestores e de painéis solares são exemplos desse projeto que conecta 42 organizações de mulheres em 27 municípios goianos, em um contexto em que a agricultura é dominada pela monocultura, especialmente de soja e milho.
Goiás possui 95.000 propriedades familiares, representando 63% do total de propriedades do estado. Gessyane Ribeiro, engenheira agrônoma que coordena a iniciativa, destaca que a rede é um elo entre a valorização das mulheres rurais, a agricultura familiar e a transição energética.
De acordo com os dados mais recentes do Censo 2022, as mulheres representam aproximadamente 51,5% da população total do Brasil, enquanto os homens representam 48,5%. Na população rural, as mulheres constituem cerca de 47%. Essa proporção reflete uma tendência de aumento da presença feminina nas áreas rurais, embora ainda haja uma predominância masculina em algumas regiões.
Financiado pela Caixa Econômica Federal, o projeto já beneficiou 92 mulheres agricultoras, resultando em 60 projetos familiares e 16 coletivos até junho de 2023.
O projeto Energia das Mulheres da Terra, que gerou a rede, é promovido pela Gepaaf, empresa conhecida pela sigla em português de seu nome, Gestão e Elaboração de Projetos em Consultoria à Agricultura Familiar, e nasceu de um grupo de estudos da Universidade Federal de Goiás .
Em Acreúna/GO, por exemplo, um grupo de 14 mulheres administra uma padaria que fornece alimentos para escolas públicas, enquanto em Orizona, uma agricultora utiliza um biodigestor e painéis solares para produzir polpa de frutas.
Além disso, a tecnologia de bomba solar foi implementada para preservar nascentes de água, protegendo o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida das comunidades locais. A bomba solar, recuperou e preservou uma das nascentes que formam um córrego em Orizona. O equipamento, movido por energia solar, bombeia água da nascente para um lago pertencente a Nubia Lacerda Matias, onde suas vacas saciam a sede.
Antes, os animais iam direto para a nascente, contaminando a água e danificando a floresta ao redor. A área foi cercada, protegendo tanto a água quanto a vegetação, que cresceu e se tornou mais densa, em benefício das pessoas que vivem rio abaixo.
O projeto não apenas promove a autonomia econômica das mulheres, mas também contribui para a proteção ambiental e a mitigação das mudanças climáticas, consolidando um modelo de agricultura familiar sustentável.