A obesidade entre adolescentes tem se tornado uma preocupação crescente no Brasil, especialmente diante de um estilo de vida cada vez mais sedentário e marcado por hábitos alimentares pouco saudáveis. Especialistas destacam a urgência de discutir esse tema, que afeta a saúde física e emocional dos jovens brasileiros.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 20% dos adolescentes brasileiros sofrem de sobrepeso ou obesidade, um número alarmante que segue crescendo. O Brasil acompanha uma tendência global de aumento da obesidade infantojuvenil, o que exige atenção redobrada de pais, educadores e profissionais de saúde.
A pediatra Flávia de Freitas Ribeiro, especializada em saúde infantil e adolescente, explica que a obesidade nessa fase da vida resulta de uma combinação de fatores, como má alimentação, sedentarismo e questões emocionais. "O consumo exagerado de alimentos ultraprocessados, associado à falta de atividade física, está entre as principais causas da obesidade entre adolescentes", comenta a médica.
O impacto da obesidade nessa fase vai além da questão estética, podendo desencadear doenças crônicas, como hipertensão, diabetes tipo 2 e problemas ortopédicos. Além disso, o excesso de peso pode levar à baixa autoestima, ansiedade e depressão, muitas vezes impulsionados pelo bullying e exclusão social.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) revela que adolescentes obesos têm até 30% mais chances de desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares na vida adulta. Esses números reforçam a necessidade de medidas preventivas desde cedo.
A profissional defende uma abordagem integrada para combater a obesidade, que envolva mudanças na alimentação, aumento da atividade física e suporte psicológico. "É essencial incentivar o consumo de alimentos frescos e ricos em nutrientes, além de promover atividades físicas diárias, sejam esportes ou brincadeiras ao ar livre", orienta.
A médica também destaca a importância de educar as famílias sobre os riscos dos alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, refrigerantes e fast-foods, que são ricos em calorias vazias e pobres em nutrientes. "Educar desde cedo é fundamental para que os adolescentes façam escolhas alimentares saudáveis à medida que ganham mais autonomia", alerta a pediatra.
A saúde emocional também é um ponto de atenção. "Muitos adolescentes enfrentam a pressão social e as expectativas irreais de aparência que vêm das redes sociais, o que pode agravar a insatisfação corporal e levar a distúrbios alimentares", observa Flávia.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que apenas 20% dos adolescentes brasileiros praticam a quantidade mínima de atividade física recomendada, que é de 60 minutos diários. Esse dado preocupa, já que a inatividade física está diretamente associada ao aumento da obesidade. "Precisamos promover hábitos saudáveis, com o objetivo de garantir que nossos jovens cresçam com saúde e levem uma vida adulta livre das complicações da obesidade”, finaliza a especialista.