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Museu Nacional apresenta peças egípcias resgatadas e pede ajuda para continuar o trabalho

Nova gestão do MEC ainda não enviou recurso para ajudar na recuperação do acervo

Por Leonardo Pimenta em 07/05/2019 às 20:38:35

Foto: Leonardo Pimenta

A equipe de pesquisadores do Museu Nacional apresentou nessa terça (07), cerca de 27 peças dos 200 itens do acervo egípcio resgatados dos escombros do incêndio do Museu Nacional em setembros do ano passado no Rio de Janeiro. Segundo o pesquisador Pedro Diniz, a equipe realizou um mapeamento virtual do espaço e com informações sobre a localização dos acervos das salas do 2º e do 3º andar foi possível estabelecer os locais onde possíveis fragmentos de peças seriam encontrados. Os pesquisadores com muito cuidado retiraram partes de ferro das estruturas e dos armários que faziam parte do museu e com peneiras foram encontrando os objetos.

"Já conseguimos resgatar mais de 2700 peças do Palácio, sendo que 200 são da coleção egípcia. Entre os destaques estão os amuletos da múmia de Sha-Amun-em-Su que, pela primeira vez, são apresentados. O caixão da sacerdotisa, onde estavam esses objetos, jamais tinha sido aberto. E a expectativa é que encontremos um número ainda maior de peças desta importante coleção. É importante lembrar que apenas uma pequena parte da sala onde estavam os artefatos egípcios e as múmias foi escavada.", disse Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional

Amuletos da múmia Sha-Amun-em-Su

O caixão da múmia da sacerdotisa, cantora de Amon Sha-Amun-em-Su era da época do antigo Egito e tinha 2700 anos. O imperador Dom Pedro II, ganhou a peça de presente em uma viagem ao Egito do quediva Ismail, soberano de um país africano. O item que era em madeira policromado ficava no escritório de Pedro II. Com a proclamação da República o objeto foi doado ao Museu Nacional e nunca foi aberto. No ano de 2005 uma tomografia computadorizada foi feita no caixão e foi descoberto que a sacerdotisa possuía alguns amuletos e um escaravelho. A imagem da tomografia foi utilizada após o incêndio para ajudar no resgate do acervo

“As imagens revelaram que a múmia possuía um amuleto do tipo escaravelho-coração na altura do peito e um pequeno saco, com oito amuletos, para a proteção da cantora em outra vida. Com o incêndio, após um exaustivo trabalho de peneiramento da sala do Egito, todos os amuletos e o escaravelho foram recuperados e puderam ser expostos, pela primeira vez, à luz do dia.", disse o pesquisador Pedro Luiz Diniz 

Dama do Cone e estatuetas Shabits e Votivas

A estatueta da dama do cone é feita em calcário e é do período de 1500 a 1450 antes de cristo e representa uma mulher da elite da época. A imagem tinha nas mãos uma flor de lótus e usava um cone de incenso na cabeça que se perdeu no incêndio. A peça assim como as estatuetas shabits e votivas perderam a coloração durante o incêndio. As estatuetas shabits são mumiformes, e possuem entre 10 e 60 centímetros e eram utilizadas nas tumbas. Já as  estatuetas votivas representam divindades egípcias e a devoção dos antigos egípcios.

Além dessas peças os pesquisadores encontraram também vasos cosméticos e estelas egípcias. Os vasos cosméticos eram utilizados pelos egípcios para guardar maquiagem e perfumes. As estelas egípcias eram placas em rocha e madeira que retratavam cenas ou textos.

Pesquisadores podem parar os trabalhos de resgate por falta de material

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, disse durante a apresentação do acervo egípcio resgatado, que necessita da quantia de R$ 1 milhão para que o trabalho continue. Segundo Kellner o valor é para a compra emergencial de contêineres para armazenar peças e material. O Ministério da Educação transferiu até o momento apenas 40% dos 500 mil anualmente previstos para UFRJ e que não suprem os gastos com a recuperação do acervo.

Alexandre Kelnner relatou ainda que vem pedindo uma audiência com o novo ministro Abraham Weintraub para poder mostrar o andamento do trabalho da equipe e que infelizmente não conseguiu a oportunidade

Apesar disso a equipe de pesquisa vem tendo um bom relacionamento com os membros do Ministério da Educação e juntos estão planejando um plano de recuperação do novo museu.

O Portal Eu Rio entrou em contato com o Ministério da Educação que respondeu em nota “que as demandas do Museu Nacional são tratadas via Universidade Federal do Rio de Janeiro, da qual a instituição é integrante. Nesse sentido, o MEC informa que o reitor Roberto Leher foi recebido na última semana de abril de 2019 pelo secretário de Educação Superior (SESu), Arnaldo Lima. O Ministério da Educação está aberto ao diálogo e à construção de parcerias que rendam benefícios à população, inclusive com integrantes participando diretamente do grupo de trabalho criado para tratar da recuperação do Museu Nacional.” 

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