"Ninguém aguenta mais". A frase é de um morador da comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, que está sofrendo com a atuação da milícia que ocupou o local no lugar do tráfico tem pouco mais de um mês.
Ele, na condição de anonimato, denuncia que os milicianos estão cobrando mensalmente uma taxa de segurança de R$ 80 dos moradores e semanal de R$ 300 a R$ 1mil dos comerciantes, dependendo do tamanho, do tipo e da movimentação do estabelecimento.
Segundo o morador, os paramilitares batem de porta em porta armados para fazer a cobrança, não tem boleto.
Mas não é só. Os milicianos estão expulsando moradores que não pagam ou que eram parentes de traficantes de suas casas só com a roupa do corpo, não deixam levar nada. Pelo menos dois inocentes teriam sido mortos desde que a milícia assumiu o controle do local.
O chefe da milícia local atualmente seria um criminoso identificado como Pezão (Raphael da Silva Nascimento) que contaria com a ajuda de policiais militares. Ele seguiria as ordens de Horácio Souza Carvalho, que está preso desde o ano passado mas que mandaria da cadeia.
Contra Pezão, constam dois mandados de prisão por homicídio qualificado e homicídio simples. O Disque-Denúncia oferece uma recompensa de R$ 1 mil por informações que ajudem na sua captura.
O morador disse que, por medo, ninguém anda na rua e os milicianos olhariam até telefones "Está igual cidade fantasma", afirmou ele.
Ele relatou ao Portal Eu Rio que a quadrilha possuiria cerca de 40 integrantes pelo menos. A base deles seria as localidades de Chico Mendes e Macumba.
A pessoa contou também que na comunidade do Barão também há cobrança pelos mesmos valores e que quem comanda são milicianos que agem no Campinho, na Zona Norte, comandados por um criminoso conhecido como Macaquinho.
A Polícia Civil informou que, de acordo com a 28ªDP (Campinho), há investigações em curso a respeito da atuação destes grupos, mas não forneceu maiores detalhes.
A PM informa que casos que envolvam policiais militares as denúncias devem ser
enviadas para a Corregedoria pelos canais: WhatsApp através do número (21) 97598-4593, por telefone pelo número (21) 2725-9098 ou ainda pelo e-mail [email protected].br
Essa semana circularam nas redes sociais imagens de um cartaz que teriam sido colocado por moradores com os dizeres: "Denuncie a milícia. Estamos cansados de tanta violência. Zonas Norte e Oeste choram. Chega de tiroteios. Cadeia neste milicianos. Diga não ao pagamento de pedágio para milicianos. Chega de opressão". Ele traz ainda telefones da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais) para denúncias.