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Macaco Tião e a Revolução Política: Rio votou com humor em 1988

Marcello Alencar venceu o pleito de 1988 e implementou projetos como o Rio Orla

Por Lucas Simonin em 30/09/2024 às 08:25:09

Macaco Tião arremessa fezes, de dentro da jaula, em Marcello Alencar (camisa branca). Foto: César Loureiro

Em 1988, Ayrton Senna conquistava seu primeiro título mundial de Fórmula 1, enquanto a Vila Isabel encantava na Marquês de Sapucaí com o seu vibrante samba “Kizomba”. O Brasil, em um clima de renovação e esperança, celebrava a promulgação da nova Constituição Cidadã, que ocorreu em setembro daquele mesmo ano. Nesse ambiente democrático, o Rio de Janeiro se preparava para um novo pleito eleitoral, repleto de novos candidatos e peculiaridades que marcaram o cenário político da época.

A eleição foi marcada por uma elevada rejeição ao então prefeito Saturnino Braga, que havia declarado falência do município apenas três meses antes. Essa situação fez com que os candidatos quisessem manter distância do atual mandatário, na tentativa de conquistar a confiança dos eleitores.

O candidato associado ao brizolismo era Marcelo Allencar, que já havia exercido a função de prefeito no final de 1983 e durante 1984, quando a escolha do prefeito ainda era feita por indicação. Pela esquerda, Jorge Bittar se destacava, enquanto Álvaro Valle representava a direita. No entanto, o grande protagonista deste pleito foi o Macaco Tião, uma figura folclórica que se transformou em símbolo da crítica política da época. O voto, naquele tempo, ainda era impresso, e a candidatura de Tião surgiu como uma sátira promovida pelo programa humorístico "Casseta e Planeta", que apresentou o candidato com o nome do famoso mamífero.

Tião concorria pelo "Partido Bananista Brasileiro (PBB)" e rapidamente ganhou adesão de diversas classes sociais, simbolizando a insatisfação popular com os políticos tradicionais. O jornalista Sérgio Cabral, por sua vez, lançou um adversário e anticandidato para Tião, chamado "Simão", que tinha como slogan "aquele que gosta de eleição". Contudo, essa iniciativa não obteve o sucesso esperado.

Surpreendentemente, Tião conseguiu receber quase 300 mil votos, o que o colocou em quarto lugar nas urnas. No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) anulou todos os votos atribuídos ao Macaco Tião. Apesar disso, sua candidatura foi reconhecida pelo Guinness World Records, na categoria de “Chimpanzé mais votado do mundo”.


Macaco Tião com a camisa de sua "candidatura". Foto: Divulgação

Dentro desse contexto, Marcelo Allencar foi eleito com quase um milhão de votos, totalizando cerca de 41% dos votos válidos. Jorge Bittar ficou em segundo lugar, com 23%, seguido por Álvaro Valle, que obteve 16%. Na sua segunda gestão, Allencar conseguiu recuperar as finanças da prefeitura, que haviam sido comprometidas pelo seu antecessor. Ele promoveu reformas em praças, vias públicas, escolas e hospitais, além de implementar o projeto Rio-Orla. Este projeto urbanístico consistiu na remodelação dos calçadões das avenidas litorâneas, com a criação de quiosques padronizados e ciclovias, que contribuíram para a revitalização da cidade e a melhoria da qualidade de vida dos cariocas.

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