Estudo da UFRJ e aceito pela Firjan revela que Rio de Janeiro perde R$ 50 bilhões por ano por conta da imobilidade urbana em toda a região metropolitana e a poluição ambiental das baías de Guanabara e de Sepetiba, além dos rios que servem de abastecimento público para o Estado. Os dados foram revelados durante o debate “Sistema Hídrico no Rio de Janeiro”, promovido nesta sexta-feira (09) pelo LCD em Movimento – Laboratório de Comunicação dialógica da UERJ.
Para o biólogo marinho e documentarista Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano e do documentário “Mar Urbano e Baía Urbana”, a recuperação da Baía de Guanabara possibilitaria geração de renda para boa parte da população e para o município. Como exemplo, ele cita o Piscinão de Ramos:
“Pegaram um pedaço pequeno, fizeram uma água um pouco mais limpa e isso revitalizou o entorno. Melhorou a condição de vida de quem vive ali, o comércio, valorizou os imóveis, tudo! É gente que, quanto a mobilidade urbana, em vez de ir para Copacabana, fica no Piscinão de Ramos. Vale a pena investir em saneamento básico”, disse.
“A gente tem uma mina de ouro”
O ecologista Sérgio Ricardo, um dos fundadores do movimento Baía Viva, disse que outro estudo indica as possibilidades econômicas da Baía de Guanabara com o turismo ecológico ambiental. Considerando apenas os exemplos dos turistas que chegam ao Rio para subir ao Corcovado e ao Pão de Açúcar, que ficam em média três dias no município. O resultado é a movimentação de cerca de 2.7 bilhões de reais por ano.
“Se tivesse outras opções como nas baías, o turista poderia ficar seis dias e render mais para a cidade. A gente perde turista porque não tem saneamento. Tem praia imprópria para banho, etc. Vale a pena investir em meio ambiente. A gente tem uma mina de ouro que não está usando”, disse.
Em seu documentário, Ricardo Gomes defende que a Baía de Guanabara está viva e repleta de espécimes. Sugere que a exploração do turismo subaquático pode render divisas para o Rio caso a Baía seja revitalizada.
Para Sérgio Ricardo, o Brasil vive um momento de retrocesso e questões ambientais devem fazer parte das discussões públicas. Ele cita como exemplo o decreto de liberação do uso de armas:
“O Brasil discute liberar armas, invés de discutir saneamento, ecoturismo, educação pública, fortalecer as universidades. Estamos regredindo na política pública”, disse.
Ameaça da CSN às águas do Rio
Sérgio Ricardo disse ainda que o Baía Viva vai pedir a interdição temporária da CSN na próxima segunda-feira (13). A organização pretende condicionar a interdição temporária à manutenção dos empregos e ao pagamento dos impostos cobrados à Companhia.
“Essas grandes corporações chantageiam o governo dizendo que oferecem empregos”, disse. Acrescentou que a empresa Vale do Rio Doce usa o mesmo artifício para defender suas barragens. “Parte delas ameaçam o Rio Paraíba do Sul e podem contaminar águas usadas pelos fluminenses”, disse.
O ecologista termina por chamar a atenção da população:
“Será que a sina do Brasil é ser exportador de commodities como soja ou de minério para que as grandes barragens fiquem no território? Temos tudo para nos desenvolver, mas se quisermos ser a lixeira do planeta, é só manter o que está aí. Existe de fato uma crise das águas do Rio e não está sendo debatido nas eleições. Acho que a sociedade precisa entender essa problemática e pressionar para que sejam adotadas”, concluiu.