Em 2024, o Trem do Corcovado celebra 140 anos de história, marcando um capítulo importante na cultura e no turismo do Rio de Janeiro. Inaugurado em 9 de outubro de 1884 pelo imperador Dom Pedro II, o Trem do Corcovado foi um marco na mobilidade urbana da época, proporcionando acesso ao alto do morro e à vista deslumbrante da cidade.
Na época de sua inauguração, o trem utilizava tração a vapor, refletindo as inovações tecnológicas do século XIX. A linha férrea, que se estende por 3,824 km desde o Cosme Velho até o cume do Corcovado, foi projetada para enfrentar a inclinação acentuada da montanha, utilizando um sistema de cremalheira para garantir a segurança e eficiência do transporte. O trajeto inicial era uma verdadeira aventura, com os passageiros desfrutando da beleza natural da Mata Atlântica enquanto subiam em direção ao pico.
Com o passar dos anos, o trem passou por modernizações significativas. Em 1910, a tração elétrica foi instalada, substituindo a antiga locomotiva a vapor. Essa mudança não apenas melhorou a eficiência do transporte, mas também tornou a experiência mais agradável para os passageiros. Em 1980, novos trens foram adquiridos da Suíça, modernizando ainda mais a operação e aumentando a capacidade de transporte.
Sávio Neves, presidente do Trem do Corcovado, lembra que a história do Trem se confunde com a própria história do Rio.
“Estamos na quarta geração de trens. A primeira geração foi a Maria Fumaça. Hoje, a geração de 2019 é o que há de mais moderno no mundo ferroviário. Estamos numa dupla comemoração: aniversário do Trem no dia 9 e do monumento do Cristo Redentor no dia 12. São os principais atrativos turísticos do Rio, pois movimentam a economia da cidade. Cerca de três milhões de pessoas visitam por ano o Corcovado e quase metade sobe de Trem”, observa.
Sávio Neves, presidente do Trem do Corcovado.
O Trem faz parte das famílias do Rio de Janeiro. Jacir Urbano estava também presente na celebração. Ele foi funcionário da Estrada de Ferro do Trem de 1987 a 1995, como agente de estação e maquinista. “Minha família faz parte dessa história. Meu filho, Thiago Mesquita, também maquinista do Trem por cinco anos”, diz, com orgulho. Ele relembra a presença do Papa João Paulo II em 1980.
Jacir Urbano, primeiro à esquerda, com funcionários do Trem do Corcovado.
Durante a celebração, o vereador Pedro Duarte, coautor do projeto da Medalha Pedro Ernesto, estava presente para a solenidade que marcou a entrega da honraria, a principal da Câmara Municipal do Rio.
Embora o Trem do Corcovado tenha sido inaugurado em 1884, o Cristo Redentor só foi finalizado em 1931. As peças que compõem a famosa estátua foram transportadas pelo próprio trem durante quatro anos, destacando a importância dessa linha férrea na construção de um dos maiores símbolos do Brasil. O monumento, com seus 30 metros de altura e braços abertos, não apenas se tornou um ícone religioso, mas também um símbolo da hospitalidade brasileira.
Os 140 anos do Trem do Corcovado representam mais do que uma simples data: são uma celebração da história carioca e brasileira. Esses ícones continuam a inspirar admiração e reverência, conectando passado e presente em uma das cidades mais vibrantes do mundo.