O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, e o presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Paulo do Amaral, firmaram na tarde desta terça-feira (14), no Palácio do Catete, uma parceria de cooperação para montar o novo plano museológico após o incêndio no Palácio Imperial, em São Cristóvão. Segundo Alexander Kellner, o IBRAM já estava preocupado com o Museu Nacional muito antes da tragédia de setembro do ano passado e foi o idealizador da comemoração dos 200 anos. Ele lamentou que o protocolo de intenções fosse assinado apenas nesse momento e explicou que o documento representa uma aproximação e um acordo de cooperação técnico-científica e cultural entre as duas instituições. O instituto assim se compromete a ajudar a idealizar um novo espaço cultural e científico, e o museu, com a experiência, auxiliará na discussão de novas políticas públicas para a preservação de acervos e museus.
“São muitos os sentimentos que me passam e uma das perguntas que me faço é por que não fizemos isso antes. Por que gestões passadas não fizeram isso antes? Porque o IBRAM foi um companheiro de primeira hora antes do incêndio. O IBRAM estava preocupado com a instituição Museu Nacional e com a perspectiva de se comemorar não só os 200 anos de museu, mas sobretudo 200 anos dos museus no país. A ideia é brilhante, uma iniciativa do instituto que nós encampamos. Dentro desse contexto, estamos perplexos ainda com a situação que passou o Museu Nacional. Nós temos que tentar aprender com essa tragédia e buscar que outros espaços não passem por isso. É claro que refletimos como o Brasil deixou uma grande instituição científico-cultural se incendiar do jeito que se incendiou. Mas isso foi por falta de investimento, e gestores antes de mim lutaram para que esse investimento viesse e estão entusiasmados com o BNDES. Nós esperamos que o BNDES mantenha sua promessa de ajudar o Museu Nacional e outras instituições pelo país. Mas falando do protocolo, ele é uma aproximação e tem dois pontos. Do ponto de vista simbólico, representa que o IBRAM se importa com o museu. O IBRAM tem muito a nos ensinar e a nos ajudar em diferentes pontos, desde questões envolvidas a repensar de que forma vamos refazer aquele espaço cultural e científico e torná-lo interessante para população brasileira, até montar o plano museológico.”, disse Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional.
Parte do Museu Nacional estará em funcionamento em 5 anos
O diretor do Museu Nacional disse durante a coletiva de imprensa que parte do Museu Nacional estará em funcionamento em 5 anos. Segundo Alexander Kellner, a obra de estabilização do prédio que utilizou o valor de 10 milhões está no fim, e a restauração da fachada começará a partir do fim do ano. A obra de recuperação da parte interna virá após a apresentação de projetos complementares específicos, e os custeios, através de contribuição do governo e incentivos fiscais da Lei Rouanet. A reconstituição do acervo será feita com as peças resgatadas e restauradas do incêndio e com itens doados por cerca de 5 mil instituições e pessoas de diversos países. O museu já conta com a doação de duas coleções etnográficas, uma da Áustria e outra vinda do Japão.
“Nós não só temos recebido algumas doações físicas, teve até uma recentemente muito bacana, como temos recebido várias promessas, inclusive de fora do país, porém, para isso, o Brasil precisa merecer esse acervo. Eu tenho cerca de cinco mil cartas de instituições querendo nos ajudar, mas para o Brasil merecer acervo, temos que ter um palácio com as melhores condições de segurança para técnicos e para a população.”, afirmou o diretor do Museu Nacional.
O Museu Nacional até o momento ainda necessita da doação de um milhão emergencial para a compra de 10 contêineres e itens que auxiliem no resgate do acervo que se encontra nos escombros.
O Portal Eu Rio entrou em contato com o Ministério da Educação para saber se há previsão de mais verbas para o custeio dos trabalhos de resgate do museu, porém até o fechamento da matéria não obteve resposta.