Estudantes, servidores e professores da Universidade Federal Fluminense realizaram nesta quarta (22) o ato "UFF nas Praças" no Terminal Rodoviário de Niterói, no centro. A ação teve início às 9 horas e contou com serviços de atendimento gratuito e a apresentação de atividades científicas e tecnológicas. A ideia é mostrar os benefícios sociais diretos da universidade pública para os cidadãos.
A estudante de Química, Isabelle Ferraz, falou ao "Portal Eu, Rio!" que esse tipo de evento ajuda os alunos a saírem da "bolha" da instituição. Ela pontua que já existem outras ações da UFF voltadas para a comunidade, mas as considera "pequenas" diante da necessidade da população em compreender a importância do papel social que a UFF tem. Por isso o evento realizado no centro de Niterói é fundamental para mostrar o valor da instituição ao niteroiense.
"O "UFF nas Praças" é uma grande oportunidade de mostrar para a sociedade niteroiense o valor da instituição. São diversos estudantes que se deslocam de outras cidades para estudarem aqui, sem contar os que se mudam de outros estados. E são eles que estão aqui nesta ação para mostrar parte da produção e pesquisa de estudos que são fundamentais para a educação, ciência e até a saúde de forma geral. Então é bem importante que o povo de Niterói conheça um pouco do nosso trabalho feito nos laboratórios da UFF", contou Isabelle, que atuou como voluntária e integra o grupo de pesquisa Desenvolvimento e Inovação em Ensino de Ciências (DIECI).
Ela também afirmou que a população conhecer uma parte do que é produzido na universidade pode ajudar a combater quem fala que "na universidade só tem vagabundo" e que a "arma" do estudante é "mostrar que é possível produzir coisas de qualidade".
Contingenciamento afeta educação inclusiva
A professora da faculdade de educação Érica Souza Leme, afirma que o atual governo tem uma "percepção equivocada" sobre a educação inclusiva, pois o público-alvo é maior, não sendo direcionada para quem tem algum tipo de deficiência. E que nesse cenário não se cabe um contingenciamento.
"Como a educação será fortalecida numa restrição de recursos? É impraticável não apenas para a educação inclusiva, mas para qualquer projeto educacional. Para driblarmos alguns cortes que já vêm acontecendo tem sido um desafio, pois contamos com alguns alunos que nos ajudam como voluntários em projetos que elaboramos. Isso tem sido fundamental", contou a professora que é especialista em educação especial e inclusiva.
Papel da UFF em Niterói e nas cidades vizinhas
A biblioteconomista formada pela UFF, Cleide Vilela, relembrou que alguns serviços existentes em benefício para o estudante, como o "bandejão" e o "BusUff", serão diretamente afetados caso o contingenciamento se transforme concretamente em cortes. Ela, que reingressou na universidade como aluna do primeiro período de Processos Gerenciais, relembrou o papel central que a instituição tem em Niterói e que também engloba outras cidades vizinhas.
"A gente tem um público muito grande de outras cidades, como São Gonçalo e Maricá. Ou seja, eles precisam do bandejão e do ônibus. Sem contar os alunos que precisam da bolsa de estudos, pois tem cursos que não dão a possibilidade para o aluno trabalhar fora do horário de estudo. Eu falo como exemplo o curso que eu fiz, o de Biblioteconomia. Tinha períodos que os horários das aulas eram de manhã e também de noite. Ou seja, um estudante pode investir no horário da tarde para um projeto de extensão ou numa bolsa de iniciação científica e é isso que ajuda a manter o estudante na faculdade", argumentou Cleide.