Moradores da Rua Lateral, via que margeia a Rodovia Presidente Dutra, que fica no bairro Margarida, em Nova Iguaçu, estão morando com o inimigo desde setembro de 2022. É que desde essa data, a usina de concreto de asfalto BR Concreto está espalhando poluição atmosférica, através da dispersão de partículas derivadas de cimentos e causando crime ambiental e problemas de saúde às pessoas.
A autônoma Ana Paula Silva, que reside no número 176, localizado ao lado da empresa, conta que o sofrimento é diário e intenso. “Estão acontecendo graves crimes ambientais por meio da dispersão de particulados de cimentos e agregados. O mal afeta ainda o sofrimento da população que mora no entorno da empresa poluidora”, denuncia Ana Paula.
Segundo ela, os moradores inalam diariamente a poeira de cimento. “Essa poeira é altamente prejudicial à saúde, pois se agrega nas mucosas respiratórias, causando a silicose, que é uma doença pulmonar que se caracteriza pela formação de tecido cicatricial nos pulmões, devido à inalação de poeira de sílica, o que pode levar à morte a longo prazo”, explica Ana Paula.
A autônoma avalia que a lista de crimes ambientais é extensa, porque a legislação ambiental não é respeitada, destacando-se a Resolução Conama nº 3/90. No Brasil, os Padrões de Qualidade do Ar foram estabelecidos inicialmente pela Resolução CONAMA nº 03/90, de 28/06/1990, que contemplou os parâmetros: Partículas Totais em Suspensão, Partículas Inaláveis, Dióxido de Enxofre, Monóxido de Carbono, Ozônio, Dióxido de Nitrogênio e Fumaça.
“Estamos vivendo um verdadeiro terror dentro de nossas próprias casas e estamos apavorados, com o risco de grave problema de saúde em razão da poluição e ainda com risco de morte iminente em decorrência da falta de estrutura do local. Já levamos o caso ao Ministério Pública, mas a resposta que recebemos é que a instituição está cobrando providências da prefeitura. Quanto à BR Concreto, não há qualquer resposta para as nossas perguntas”, lamenta Ana Paula.
O problema não para por aí. Isso porque, antes da fábrica iniciar as atividades, em setembro de 2022, quando ocorria a limpeza do terreno, um tronco atravessou a parede da casa da Ana Paula. “Uma estaca vazou a parede da minha residência, deixando um buraco. Na época, não houve qualquer assistência. Atualmente, com o funcionamento da fábrica, meu imóvel está apresentando intensos tremores e rachaduras, sem contar o barulho estrondoso, que, por muitas vezes, ultrapassa o horário comercial e ocorre até mesmo durante os domingos”, denuncia.
“Diariamente meu quintal fica tomado de pó, sendo que toda a minha família vem inalando tal substância. Tenho uma bebê recém-nascida e ela vem sofrendo com problemas respiratórios, além de todas as outras pessoas de casa. Recentemente um vizinho, que também teve a residência e a saúde afetadas, sendo que estava realizando quimioterapia, veio a falecer. A filha e a esposa dele, além de sofrerem com a perda, ainda estão sofrendo com toda essa situação”, conclui Ana Paula.