Na Freguesia, Zona Oeste do Rio de Janeiro, existe um local que vai além de um restaurante. O Baixo Araguaia, que era conhecido modestamente como um "pé sujo" nos anos 80, evoluiu ao longo de quatro décadas para se tornar um verdadeiro ícone culinário na região, mantendo suas raízes enquanto abraça a inovação.
Fundado em maio de 1980, o Baixo Araguaia passou por uma transformação significativa ao longo dos anos. Atualmente, sob a direção de quatro sócios — Daniel Bittencourt, Eduardo Bruno, Raphael Martins e Vinicius Chita —, o bar mantém suas origens de botequim e restaurante, mas com inovações que o tornam único, como o fato de oferecer chope e batata portuguesa liberados na fila de espera.
Hoje, o estabelecimento se tornou um ponto de encontro para os moradores locais e tem um título do melhor bar de brasa, contando com uma equipe de 26 funcionários diretos que proporcionam uma experiência gastronômica de qualidade. O estabelecimento, que já enfrentou uma dívida de mais de um milhão de reais, agora fatura cerca de 500 mil por mês, mais de cinco milhões por ano.
A dívida de mais de um milhão de reais, causada por problemas operacionais, impostos e empréstimos do antigo proprietário, foi um dos maiores desafios que os atuais sócios enfrentaram ao adquirir o bar em março de 2023. Raphael Martins destaca que tudo foi pago com a estratégia implementada. "A gente negociou com uma dívida de um milhão e duzentos, fechou o negócio com uma dívida de um milhão e usamos duzentos mil para fazer a reforma do restaurante. Tudo foi pago com o sucesso da operação, com a estratégia implementada, com o faturamento que aumentou. Então, a gente não teve de aportar dinheiro em nenhum momento. Pelo contrário, a gente sempre teve lucro para pagar essa despesa e, a partir do quarto mês, passamos a ter lucro não só operacional, mas também lucro após pagar despesas não operacionais, o que é muito representativo", explica.
O bar antigamente. Foto: Divulgação
A história do Baixo Araguaia traz consigo o amor pelo churrasco e a tradição das famílias brasileiras. Afinal, quem é que não gosta de um bom churrasco e um chope gelado? O estabelecimento é pioneiro em oferecer uma experiência única de churrasco, destacando-se pela sua churrasqueira de seis metros de extensão, construída com tijolos, que reforça a tradição.
O cardápio conta com petiscos e possui uma linha de pastéis na brasa, que trazem o recheio de churrasco: corações de frango fatiados com um toque de pasta de alho especial; pastel de pão de alho, preparado com uma pasta especial de alho à base de queijo; pastel de maminha com queijo; e o pastel de linguiça toscana com queijo, apresentando linguiça toscana na brasa cortada em cubinhos, acompanhada de muçarela derretida.
Daniel Bittencourt, um dos sócios do Baixo Araguaia, explica a ideia por trás dos pastéis de brasa. Ele relata que sempre soube que o local era forte na sua gastronomia. "O Baixo Araguaia tinha uma pegada forte de restaurante e percebemos que essa parte já estava consolidada, mas a nossa preocupação era à noite, porque ele ainda era muito visto como um restaurante. Então, pensamos em como atrair mais clientes neste horário. Então, criamos algo inédito: pastéis de brasa. Já viu pastel de pão de alho, de coração? E pastel de maminha com queijo? Tudo feito na churrasqueira. Isso foi uma sacada para fortalecer nossa presença neste período", conta sobre a ideia.
As caipirinhas, assinadas pelo mixologista Anderson Santos, são outra marca registrada da casa. Desde a clássica caipirinha de pé de moleque, que evoca memórias de infância, até a refrescante caipirinha de tangerina e a sofisticada caipirinha de vinho.
Às terças-feiras, o bar oferece a famosa "terça da lagosta". Imagine comer lagosta na brasa? Esse é o toque especial do Baixo: transformar tudo em um grande churrasco com os amigos e a família.
Raphael Martins, outro sócio do bar, relembra os desafios enfrentados durante a transformação do Baixo Araguaia. "A galera rejeita o básico simples. Então, o que fizemos? A gente fez o simples, rápido, errando muito, porque é importante dizer que não acertamos em tudo. Não existe cenário perfeito. Nós colocamos chope liberado e batata portuguesa na fila bem depois. Muito antes disso, quando resolvemos pintar e reformar o espaço, tivemos apenas 15 dias para preparar tudo para o 'Comida di Buteco'. Você não tem noção da loucura que foi: fazer a obra durante o dia, limpar e abrir a loja à noite. Colocamos na cabeça que precisava estar tudo pronto para o 'Comida di Buteco', porque era o único momento em que o Baixo Araguaia triplicava o faturamento. Foi a única oportunidade que tivemos para mostrar ao público que algo tinha mudado aqui", diz.
Além da reforma, que fez muita diferença, o Baixo Araguaia tem um atendimento humanizado, com detalhes que surpreendem os clientes desde o momento em que eles entram no estabelecimento. O ambiente é pensado para proporcionar uma experiência sensorial completa: a música ambiente de brasa nos banheiros, por exemplo, é uma inovação que adiciona um toque de autenticidade e diferenciação ao local.
O bar após a reforma. Foto: Divulgação
Além disso, os clientes têm a oportunidade de escolher seus cortes preferidos de carne e acompanhamentos. Com uma seleção de mais de três tipos de carne importada da Argentina e Angus — picanha, maminha, bombom de alcatra e contrafilé — acompanhados de fritas, arroz, farofa e molho.
No espaço kids, tem outra inovação: o ambiente é supervisionado por pedagogas formadas, fazendo com que as crianças saiam do ambiente de telas e tenham experiências lúdicas. Raphael Martins explica que a ideia é justamente trazer segurança para os pais que frequentam o local. "Falar do espaço infantil pedagógico para mim é muito satisfatório, tanto na visão de empresário quanto na de pai. A vantagem é que ele ocupa pouco espaço e não demanda grandes estruturas, pois não possui brinquedos eletrônicos. Além disso, as pedagogas profissionais proporcionam uma interação constante, por meio de brincadeiras, pinturas, desenhos e contação de histórias. Meu filho mais novo, de três anos, faz amizades lá, e é difícil tirá-lo do local", afirma.
Esses diferenciais fazem do Baixo Araguaia um exemplo de como o empreendedorismo pode transformar e inovar o mercado de bares no Rio de Janeiro. Em um setor onde a competição é acirrada, a inovação e a atenção aos detalhes são essenciais para se destacar e conquistar o público. O bar não apenas reconheceu isso, mas elevou o padrão do que significa ser referência na cidade.