Em 2017, Egberto Gismonti completou 70 anos e sua filha, a pianista Bianca Gismonti, sentiu que a maior homenagem e o maior presente seria o de tocar a sua música. “Foi um período de intensa emoção, já que as suas composições traduzem parte da minha história pessoal. Desde o meu nascimento - e até hoje - venho acompanhando de perto as suas infinitas sementes desabrocharem em árvores grandiosas”, conta a artista.
O Bianca Gismonti Trio gravou “Gismonti 70” com Bianca ao piano e voz, Julio Falavigna, na bateria, e Antonio Porto, no baixo de seis cordas - além de violão acústico e voz (na faixa 7). Misturaram repertório de diferentes períodos da obra composicional de Egberto; incluindo canções emblemáticas, como “O Sonho” (gravado por Elis Regina) e eternas referências instrumentais, como “Palhaço” e “Lôro”.
O álbum – gravado em 2018 em Budapeste - seria mixado (e lançado) em 2020, mas a pandemia atrapalhou os planos. Só agora, em 2024, Bianca finalizou o projeto registrando as fotos que ilustram o trabalho. “Eu queria que as fotos fossem feitas no ambiente onde morei com meu pai até os 19 anos e aonde ele vive até hoje, que é o seu canto de silêncio e grandiosidade; como um museu de arte da própria vida”, revela Bianca.
Assim como Bianca, os músicos Julio e Antonio também possuem uma história pessoal com a música de Gismonti. “Durante minha adolescência Egberto e Hermeto eram a fonte para quem buscava caminhos criativos como compositor ou músico instrumental no Brasil”, conta o baterista Julio Falavigna.
“Para mim, a obra de Egberto representa a música do silêncio, aonde as coisas verdadeiramente imensas cabem”, se emociona o baixista Antonio Porto.
Após 7 anos da ideia original, no mês de seu aniversário, a filha presenteia o pai com este álbum lançado pela gravadora húngara, Hunnia Records, que irá imprimir em versão física e estará disponível a partir de janeiro de 2025.
“Ser filha de Egberto é receber uma dádiva das energias celestiais. Ser tão próxima dele significa regar esta dádiva a cada dia. Seguir escrevendo a história sonora da família Gismonti nos faz acreditar que o cultivo determina que a raiz e as folhas estejam conversando e florescendo em eternidade. A música do meu pai segue representando a minha certidão de nascimento”, conclui Bianca.