A morte de um ente querido é uma situação delicada para qualquer pessoa, especialmente para as crianças que podem ter dificuldade em entender e lidar com o luto. Durante o processo, muitos pais e mães podem encontrar dificuldades em se comunicar com os filhos, mas falar sobre a perda é importante para o desenvolvimento emocional da criança.
As crianças devem entender que a morte é natural e precisam de apoio para que consigam compreender a realidade e estejam preparadas para lidar com futuras perdas. Quando um responsável não explica a morte de forma clara, a imaginação das crianças pode preencher as lacunas com ideias equivocadas ou assustadoras. Daí a necessidade falar abertamente para reduzir a ansiedade e o medo.
“Nosso primeiro instinto é de proteção, de poupar aquela criança de uma dor angustiante. Mas, durante o luto, o importante é fazer com que a criança entenda a realidade da perda. Temos que conversar com clareza, evitando eufemismos, e permitir que ela expresse suas emoções, como tristeza, saudade e até raiva”, explica o neuropsicólogo Aslan Alves.
Além da conversa conduzida por uma figura que dê segurança às crianças, existem outros fatores que podem ajudar na abordagem desses temas mais sensíveis. As histórias e a literatura trazem uma perspectiva mais leve, capaz de tratar os temas com mais naturalidade. O livro ‘Memórias de Sofia’ adentra neste terreno.
Sofia é um personagem que vive diversas situações que a fazem mudar seu jeito, sua forma de enxergar a vida e sua condição no mundo. Entre diversas situações, ela tem que enfrentar um período de luto na infância. “São assuntos inerentes à vida. Todos nós passamos ou vamos passar por um período assim e precisamos aprender a lidar com a situação. Através do livro, as crianças podem aprender um pouco sobre esses sentimentos, sem que necessariamente estejam enfrentando uma perda”, afirma a escritora N. Félix, autora da publicação.
Também é importante que os pais fiquem atentos a sinais de que a criança pode estar vivenciando o luto de uma forma inadequada. Aslan Alves afirma que reações como isolamento prolongado, dificuldades extremas para retomar a rotina, regressão comportamental ou manifestações físicas recorrentes, como dores de cabeça ou estômago, podem indicar que o luto não está sendo processado de forma saudável.
“Nesses casos, deve-se procurar a ajuda de um profissional de psicologia. O psicólogo pode auxiliar a criança a expressar suas emoções de maneira adequada, compreender a perda e desenvolver mecanismos de enfrentamento, garantindo um desenvolvimento emocional equilibrado”, explica o neuropsicólogo.