Processo relata momentos de pânico vividos por PM torturado por traficantes

Um processo que tramita na Justiça do Rio revela detalhes da tortura sofrida pelo sargento da Polícia Militar Márcio David da Costa, ocorrida em 28 de junho do ano passado no interior da Favela da Kelsons, na Penha, na Zona Norte da capital. O policial entrou por engano na comunidade e acabou sendo capturado pelos criminosos. Apanhou até com pedaço de madeira mas foi liberado. Um dos suspeitos de praticar o crime, Anderson Vinicius Oliveira Silva, foi preso essa semana.

Segundo os autos, o PM, ao entrar na favela, observou uma contenção de quatro suspeitos armados com pistolas. Os bandidos efetuaram diversos disparos (cerca de dez) na direção do carro acreditando que havia mais alguém dentro do veículo já que ele possuía película protetora.

Para se proteger dos disparos, o PM ficou deitado no chão, desarmado e se protegendo dos disparos, em seguida chegou outro criminoso em uma motocicleta e disse: "tu é miliciano, tu veio a mando do (fulano de tal - não se recordando o nome), tu vai morrer".

Após isso, Márcio foi agredido por diversos chutes na região dorsal, em seguida, um dos suspeitos pegou um pedaço de madeira e desferiu diversos golpes nas costas da vítima.

Os traficantes determinaram que o policial permanecesse com a cabeça abaixada, e que fosse caminhando pelo interior da comunidade, em direção a um local em que Márcio não sabe definir se era um píer, cais ou manguezal. 

Ao chegar nesse local, os bandidos  determinaram que o sargento deitasse no chão, e novamente, começou uma série de socos, chutes e pauladas. Apareceu um outro criminoso e disse "os polícia civil (sic) tão lá na frente da comunidade, nosso negócio não é com polícia não, é com alemão, vamos te liberar, vamos colocar você no moto táxi e te liberar".