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Estado brasileiro pedirá desculpas oficiais pela negligência com restos mortais na vala clandestina de Perus

Maioria das ossadas, descobertas em 1990, segue até hoje sem identificação, dificultando reparação a famílias de desaparecidos políticos

Por Portal Eu, Rio! em 24/03/2025 às 09:52:50
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Vala clandestina de Perus, na capital paulista, é um dos marcos do abuso contra os Direitos Humanos na ditadura militar imposta em 1964. Foto: Arquivo Agência Brasil

O Estado brasileiro irá pedir desculpas formais à sociedade e aos familiares dos desaparecidos políticos da ditadura iniciada em 1964 pela negligência, no período de 1990 a 2014, na identificação das ossadas encontradas na vala clandestina de Perus, localizada no Cemitério Dom Bosco, na capital paulista.

Na vala de Perus foram enterrados, junto com desconhecidos, opositores à ditadura. Os restos mortais foram descobertos em 1990, quando foram encontradas 1.049 ossadas. Um monumento em homenagem às vítimas da repressão foi erguido no cemitério.

“Conhecer a verdade é o que nos permite avançar como sociedade rumo a um país verdadeiramente democrático”, destaca o advogado-geral da União, Jorge Messias. “Eu espero que o pedido de desculpas possa, de algum modo, trazer um pouco de paz para os familiares dessas vítimas da violência de Estado”, acrescenta.

Segundo o Instituto Vladimir Herzog, em um site dedicado a contar a história da Vala de Perus, opositores da ditadura, assassinados pelo regime, foram enterrados como indigentes no local, apesar de terem ficha de identificação.

De acordo com o instituto, somente cinco ossadas já foram identificadas: Dênis Casemiro, identificado em 1991; Frederico Eduardo Mayr, identificado em 1992; Flávio Carvalho Molina, identificado em 2005; Dimas Antônio Casemiro, identificado em 2018; e Aluísio Palhano Pedreira Ferreira, também identificado em 2018.

A cerimônia de desculpas será aberta ao público e ocorrerá no cemitério Dom Bosco, na próxima segunda-feira (24), data em que se comemora o Dia da Memória, Pela Verdade e pela Justiça. O pedido será feito pela ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo.

Ouça no Podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre o pedido de desculpas oficiais do Estado Brasileiro pela negligência na descoberta e identificação dos restos mortais enterrados na vala clandestina de Perus, na capital paulista, durante a ditadura militar.

O ato é resultado de um acordo judicial entre a União, representada pela Advocacia-Geral da União (AGU), e o Ministério Público Federal (MPF), homologado em 3 de dezembro de 2024. Mais de mil ossadas foram descobertas em 1990, no cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus, em São Paulo. Os restos mortais logo foram levados para tentativa de reconhecimento em universidades públicas.

Novo acordo para identificar ossadas

Após denúncias sobre as condições precárias de armazenamento das ossadas, elas foram removidas para o Instituto Médico Legal de São Paulo. Hoje se encontram no Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para continuidade dos trabalhos de identificação.

Em 2024, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania assinou um novo acordo de cooperação com a Unifesp e com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo para financiar a contratação de equipe pericial para retomada dos trabalhos de identificação dos restos mortais da vala clandestina de Perus.

Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Agência Brasil e RadioAgência Nacional

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