Em algumas comunidades amazônicas, os católicos podem passar semanas ou meses sem comparecer à missa ou participar do sacramento da confissão devido à falta de padres. A histórica mudança de ordenação, proposta em um documento do Vaticano publicado nesta segunda-feira (17), também pode ver o início de um "ministério oficial" para as mulheres na região.
O documento afirma que as autoridades (ligadas a igreja) deveriam estudar "a possibilidade de ordenação sacerdotal para homens mais velhos, preferencialmente indígenas, respeitados e aceitos por suas comunidades, mesmo que tenham famílias estáveis, para as áreas mais remotas da região amazônica".
O Papa Francisco, o primeiro pontífice da América Latina, já havia sinalizado a atenção na situação sacramental e ambiental das comunidades isoladas. Em uma entrevista concedida a um jornal alemão em 2017, ele disse estar disposto a considerar a possibilidade de ordenar "viri probati" - em latim para homens de caráter comprovado - como padres em áreas remotas.
No entanto, a abertura geral do sacerdócio para todos os homens casados foi descartada. A tradição do celibato permanece desde o século 11, imposta em parte para poupar a igreja do fardo financeiro de prover grandes famílias e assegurar que qualquer patrimônio do padre passaria para a igreja.
O documento também pediu que o sínodo identificasse "o tipo de ministério oficial que pode ser conferido às mulheres", acrescentando que as mulheres devem ter papéis de liderança garantidos.