Uma investigação feita pelo Ministério Público Estadual de São Paulo revela como seria um audacioso plano de resgate de presos da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na penitenciáriaMaurício Henrique Guimarães Pereira, em Presidente Venceslau. Entre os detentos, a liderança máxima do grupo, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
O plano foi detectado em outubro do ano passado e foielaborado por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Informações obtidaspela Coordenadoria Regional das Unidades Prisionais doOeste Paulista - CROESTE- revelaram que "Fuminho" e osalvos da ação já teriam despendidodezenas de milhões de dólares com o plano, investindo fortemente em logística,compra de veículos blindados, aeronaves, material bélico, armamento de guerra etreinamento de pessoal.
Segundo relatos adicionais colhidos pela inteligênciadas Polícias da região, o grupoarregimentado por "Fuminho" seria formado porgrande número de homens queeram treinados nas fazendasdele naBolívia, os quais seriam originários de várias nacionalidades,inclusive soldadosafricanos com expertise no manuseio de armamento pesado e explosivos, divididosem várias células com funções específicas e compartimentadas.
Contariam também com criminosos participantes de grandes açõescontraempresas de valores e resgates de presos, ações essas que tiveram êxito emneutralizar a polícia militar do local até que os criminosos concretizassem seuintento.
As equipes de criminosos lideradas por "Fuminho" se dividiriam em váriasfrentes para possibilitar a realização do resgate. Assim, uma das células decriminosos bloquearia, nos dois sentidos de direção, a rodoviaRaposo Tavares,que margeia a Penitenciária IIde Presidente Venceslau, incendiando caminhões e veículos para impedir o trânsito no local.
Enquanto isso, outras equipes atacariamcom fuzis, metralhadoras ".50", explosivos e lança granadas o CPI-8 (Comando dePoliciamento do Interior 8) em Presidente Prudente e o 42º Batalhão de PolíciaMilitar de Presidente Venceslau. Os criminosos cortariam a energia eas comunicaçõestelefônicas e de internet das referidas unidades policiais, impedindo a saída dospoliciais para atender a unidade prisional.
Uma outra frente cuidaria de neutralizara decolagem do helicóptero Águia da Polícia Militar, num hangarao lado doaeroporto de Presidente Prudente. Na ação cinematográfica, os criminososutilizariam diversos veículos blindados, como SUVs, camionetese inclusiveaeronaves (helicópteros e aviões), se aproximariam da unidade prisional e atacariam, utilizando dezenas de fuzis calibre ".50", além de lança foguetes,granadas e explosivos de alto poder de destruição. Objetivo é neutralizar ospolicias militares e agentes de vigilância penitenciária que guarnecem a prisão eexplodir a muralha para conseguirinvadir o perímetro interno do presídio eresgatar dali os presos.
Plano para matar autoridades
O documento revela que, em 8 de dezembro de 2018,policiais da ROTA abordaram nas imediações da PenitenciáriaII de Presidente Venceslau/SP, o veículo VW Gol,ocupado por duas mulheres
Os policiais encontraram no interior do veículo várias anotações cominformações relacionadas à atuação do crime organizado. Uma delas falava do promotor de Justiça Lincoln Gakiya que, segundo as anotações,daria para"fazer" (matar) a hora que quisesse, porém, seria um pouco maiscomplicadoporque a cidade onde ele mora é bemmaior e teriam mais dificuldade.
Outra anotação informava que a organização criminosa, planejava atentar eainda ousa cobrar a execução de autoridades constituídas do Estado, com afinalidade de forçar o Poder Judiciário a recuar e não os transferir para o SistemaPenitenciário Federal.
No final da tarde de 21/01/2019, no pavilhão habitacional IV daPenitenciária de Junqueirópolisforam apreendidos manuscritos relatando, emresumo, a necessidade de realizar levantamentos das rotinas diárias de agentespúblicos para eventuais ataques e execuções (mortes).
No manuscrito que estavasendo preparado para ser criptografado (codificado) em dois tipos de codificação,alfanuméricos e posteriormente trechos seriam codificados no sistema Zenit Polar(é uma sistema simples de criptografia que consiste na substituição dasletras de uma palavra pela sua correspondente no nome Zenit Polar).
Foramindicados como alvos do crime organizado: Lincoln Gakiya (Promotor de JustiçaGAECO de Presidente Prudente),Roberto Medina (Coordenador dasUnidadesPrisionais da Região Oeste do Estado de São Paulo), Luiz Fernando NegrãoBizzoto (Diretor Geral da Penitenciária II de Presidente Venceslau), MauricioMoreira de Souza (Diretor do Núcleo de Segurança e DisciplinaTurno III da Penitenciária I de Presidente Venceslau.
Facilidade de comunicação
Segundo a investigação,a cúpula da facção, mesmorecolhida em unidade prisional desegurança máxima do Estado, considerada uma daspenitenciáriasmais seguras e rigorosas do país, ainda comanda a organização criminosade dentro daquele local. Eles se comunicam facilmente com criminosos de outras unidades prisionais, exatamente como foi o caso dos presos da Penitenciária deJunqueirópolis e também com faccionados em liberdade, inclusivecom osintegrantes da sintonia restrita do PCC, ou seja, o "setor responsável pelos atentados contra agentes públicos".
Tudo isso napresença atual ostensiva e em grande quantidade de policiais das tropas de elite da Polícia Militarna região de Presidente Venceslau.Conforme demonstrado nos documentos trazidos, a liderança do PCCdeterminou a execução de plano de atentado contra o promotorde Justiçaenvolvido diretamente no pedidode remoção para unidade federale também deautoridades da Secretaria de Administração Penitenciária.
Por conta deste plano, a Justiça de São Paulo determinouno início do anoa inclusão emergencial dos presosMarcola, Marcolinha, Pezão, Chacal, Funchal, Sandrinho, Bradock, Granada, Cego, Azul , Carambola, Lóri, Val do Bristol, Du da Bela Vista e Forjadoemestabelecimentopenal federal de segurança máxima.