A assistente social Jacqueline Faria, 53, é um exemplo de mulher forte e empoderada. Depois de enfrentar um câncer de mama e mais dois outros tumores na paratireoide e na mandíbula, hoje, a carioca é um símbolo de luta para outras mulheres. Isso porque, ela venceu esse obstáculo e transformou a sua experiência em uma injeção de coragem para milhares de pacientes.
Jacqueline optou em não fazer a reconstrução da mama esquerda. E o melhor: não tem medo de mostrar ao mundo que a beleza está muito além da aparência física. Para ela, a ausência de um seio não é o que define a verdadeira essência feminina.
"Eu recebi o diagnóstico com 38 anos. Na época, minha filha tinha quatro anos e estávamos viajando. Durante o banho, ela tocou minha mama e percebeu que havia um carocinho. Quando retornamos visitei um médico e fiz uma biópsia. Fui diagnosticada com um câncer já em grau três que é considerado avançado. Fiz outros exames mais detalhados e chegamos a um diagnóstico do triplo-negativo que é um câncer muito comum em mulheres negras, além de ser difícil de curar", contou.
Jacqueline ainda falou sobre o impacto da notícia e da dor que sentiu naquele momento. Assim como, sobre a preocupação com os dois filhos e o que poderia acontecer no futuro. Para a assistente social, a solução foi seguir em frente sem tristeza ou receio de continuar fazendo tudo normalmente.
"Eu era mãe solteira de um rapaz de 20 anos e uma garotinha. Logo, optei por uma mastectomia radical. Lembro que, na minha última sessão de radioterapia, era o desfile da minha escola de samba de coração. Apesar do meu médico achar que eu não conseguiria desfilar, não decepcionei, pois nunca fui exemplo de uma paciente debilitada. Isso nunca aconteceu. Acho que por ter colocado na minha cabeça que não fraquejaria, sempre achei que pudesse ajudar outras pessoas com minha força na luta contra à doença", relatou.
Diante das circunstâncias, Jacqueline também afirmou que sua determinação lhe acompanhou por toda vida. Segundo ela, ter nascido negra, pobre, além de ter se tornado mãe solteira, foram fatores primordiais e que contribuíram em sua trajetória.
"Embora para algumas pessoas o fato de não ter um peito me tornasse aleijada, eu continuava me vendo como mulher. Por isso, precisava mostrar que me sentia bonita, ativa e inteligente. Para mim, o câncer foi apenas mais um desafio. Um obstáculo que me fez ainda mais forte", explicou Jacqueline.
Sobre o processo de aceitação, a ativista relatou que foi um pouco demorado. Contudo, ao ver tantas pessoas com diversos problemas de saúde, ela passou a enxergar as coisas de outra maneira.
"No início, o meu maior problema era ir à praia. Eu me sentia desconfortável. Por isso, botava um biquíni e tampava a cicatriz. Foi então que decidi fazer a tatuagem e passei a me sentir mais cômoda. Além disso, passei a customizar os meus biquínis. Um detalhe que serviu tanto para mim como para outras mulheres. Afinal, eu precisava me sentir igual a qualquer outra mulher que quer ser desejada e elogiada. Inclusive, em toda a minha caminhada, só me lembro de um namorado que tentou me magoar por causa da cicatriz", relembrou.
Em 2017, já empoderada e consciente da sua representatividade, Jacqueline Faria idealizou um projeto de um calendário. A ideia inicial seria reunir diversas modelos na mesma condição. Entretanto, ninguém teve a sua coragem. Mesmo assim, ela foi em frente e pousou juntamente com um amigo. A renda obtida com as vendas foi revertida para uma instituição que atende mulheres com câncer.
Em fevereiro deste ano, depois de publicar uma foto em seu Facebook, ela viu a sua história viralizar. O post foi curtido e compartilhado por diversas páginas. Alguns deles chegaram a mais de 70 mil visualizações. Veja a seguir: