A ativista e a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, a paquistanesa Malala Yousafzai, que completa 21 anos, no dia 12 de julho, veio ao Brasil para falar sobre inclusão, empoderamento de jovens e educação, na segunda-feira (9), no auditório do Ibirapuera, em São Paulo, para cerca de 800 pessoas convidadas pelo Itaú Unibanco. Uma das exigências da Malala foi que os jovens pudessem fazer perguntas diretamente para ela. Muitos, na plateia, se emocionaram com suas palavras.
Malala lembrou que no Brasil há 1,5 milhões de meninas sem acesso à educação. Para ela, a educação é mais do que ler e escrever. O empoderamento vem da educação, da emancipação, da independência. Educar meninas ajuda a construir economias, fortalecer democracias e traz estabilidade aos países. "Educação é o maior e mais sustentável investimento de longo prazo", disse Malala.
Ela anunciou que lançará um projeto no nordeste do Brasil junto com seu pai, Ziauddin Yousafzai, para garantir que as meninas tenham educação gratuita pelo menos até os 12 anos de idade. O projeto já foi implantado em outros países, na Índia, na Nigéria, no Paquistão, no Afeganistão e na Síria. E, agora, Malala quer implantar na América Latina e no México.
Terça-feira (10), Malala esteve em Salvador e anunciou o apoio a três ativistas que lutam pela educação no Brasil. As três brasileiras farão parte da Rede Gulmakai, que é uma iniciativa do Fundo Malala. As brasileiras são membros de organizações não governamentais. Ana Paula Ferreira de Lima da Associação Nacional de Ação Indigenista, Denise Carreira da Ação Educativa e Sylvia Siqueira Campos do Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicação são as ativistas que receberão o apoio do Fundo Malala. A ativista, também, visitou a Escola Olodum.
Malala visita a comunidade Tavares Bastos, no Catete
Na quarta-feira (11), Malala esteve no projeto AfroGrafiteiras, no Rio de Janeiro. Um projeto que fala sobre o direito da mulher negra através do grafite. Malala visitou a comunidade Tavares Bastos, no Catete. Ela conheceu obras de vários artistas. Foi convidada a deixar um registro, em spray, na parede. Ela deixou seu registro perto da imagem da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.A ativista recebeu um quadro de presente e foi homenageada com um grafite. Após esses compromissos, Malala foi assistir a partida da semifinal da Copa do Mundo entre a Croácia e a Inglaterra, o país onde vive atualmente.
Malala ficou conhecida ao defender a educação, para as meninas no Paquistão, contra as ordens do Talibã, que dominava a região que ela vivia.No dia 12 de outubro de 2012, Malala foi baleada em um ônibus escolar e quase morreu. De lá foi para um hospital na Inglaterra. A história de Malala virou livro e foi traduzido para mais de 40 línguas. Quando recebeu alta, Malala se tornou um símbolo da luta pela educação feminina e recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 2014, aos 17 anos. Hoje, Malala cursa Filosofia e Política na Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Há alguns meses, Malala visitou, com a sua família, a cidade de Swat Valley, no Paquistão, escoltada. Ela se emocionou ao chegar na casa que morava no passado. Malala disse que voltaria, da próxima vez, sem escolta.