Lideranças de 13 municípios da Baixada Fluminense e de Mangaratiba criaram o Consórcio Integrado de Segurança Pública (CISPBAF), com o objetivo de unir esforços dos municípios da região de modo a reduzir a violência urbana. Para o ex-comandante da PM, coronel Ibis Pereira, a iniciativa é boa, mas precisa de mais apoio para ser eficiente.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a maio de 2019, a Baixada contabilizou 34.477 casos de roubos a pedestres, 615 tentativas de homicídio, entre outros. Ibis Pereira explicou que cada modalidade de crime deve ter um tipo de combate para que os níveis de violência sejam reduzidos.
O Consórcio está em fase de implantação. São previstas as instalações de sistemas de inteligência, cinturão eletrônico, monitoramento por vídeo para regiões urbanas, criação do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC-BF), as redes de comunicação e o uso de softwares inteligentes de reconhecimento facial, além de outros mecanismos e instrumentos de apoio ao projeto.
Inclusão do Governo Federal
Para o coronel Ibis Pereira, não existe possibilidade de melhorar indicadores criminais sem a harmonia entre as agências envolvidas. Ele acrescenta que os motivos da violência urbana de hoje se perde em tempos coloniais. Ele destaca a importância do planejamento de todos os níveis da Federação:
“O combate ao crime precisa envolver Município, Estado e Governo Federal em uma grande estrutura. Sem isso, não se consegue resultados a médio e longo prazo. Por exemplo, começa uma iniciativa em Queimados. Daqui a pouco, o crime migra. Sem planejamento, não se consegue medir os resultados da aplicação dos investimentos. Se está sendo colocado dinheiro nos lugares certos”.
Outra questão levantada pelo ex-comandante da PM do Rio de Janeiro é a forma como combater cada tipo de crime. Atuar contra o tráfico de drogas é diferente de atuar para a redução de homicídios, ou de roubos. Ele exemplifica citando a guerra às drogas:
“Como os municípios da baixada vão poder ter ação contundente contra o tráfico de armas se o governo federal não entrar no esforço? É fundamental a inclusão do Ministério das Relações Exteriores nesse esforço. Precisamos ter dialogo com países exportadores armas de fogo, afinar nossas agências com as agências internacionais para controle efetivo do comércio de armamentos”, disse.
O ex-comandante da Polícia Militar fluminense considera necessário o estabelecimento de uma relação mais próxima entre os entes federativos:
“Espero que a iniciativa não envolva apenas os municípios da baixada, e batalhões, mas que o Governo Federal assuma. É preciso que o Governo Federal repense a ação contra o crime. Neste momento, o governo insiste em guerra às drogas. Aí o discurso municipal fica prejudicado. A guerra às drogas tem desdobramentos perversos para os mais pobres e para os policiais envolvidos. Essa guerra é inútil. É preciso formular políticas públicas no Brasil. Mas acho difícil que o governo esteja sensível à política de drogas que não passe pelo confronto, pela guerra, por desarmar a população. Esse tem sido o discurso”, concluiu.