Maior banco da Alemanha anuncia demissão de 18 mil funcionários

O Deustche Bank, o maior banco alemão e um dos maiores do mundo, anunciou a demissão de 18 mil funcionários em todo o planeta. O anúncio foi dado nesta segunda-feira (08) e faz parte de um ambicioso projeto de reestruturação. A demissão acontece após uma reunião do conselho do Deutsche Bank no domingo (07) que culminou com o anúncio de um plano de reestruturação de US$ 8,3 bilhões — o maior já visto na história dos bancos.  

Uma das mudanças mais drásticas anunciadas no plano é a saída do Deutsche Bank da gestão de ativos e negociação de ações. O objetivo, segundo o banco, é focar em suas “forças tradicionais de financiamento, assessoria, renda fixa e moedas”. Após a reestruturação, quase 75% das receitas do banco de investimento virão de clientes corporativos — segmento no qual o Deutsche Bank está entre os TOP 5 bancos globais.

Nesta segunda-feira Christian Sewing, CEO do banco, afirmou que “os dias de ambições espetaculares” na parte de banco de investimento acabaram. O plano é criar uma divisão "ferozmente competitiva, bem respeitada e rentável de forma sustentável".

O que deu errado no Deutsche Bank?

O drástico corte de empregos é o mais recente capítulo da dramática queda do banco de 149 anos.

Nos anos que antecederam o colapso bancário (2004-2008), o Deutsche Bank foi líder em títulos lastreados em hipotecas, agrupando as dívidas dos proprietários em enormes pacotes e vendendo-os aos investidores. O banco continuou a vender investimentos tóxicos baseados em hipotecas, mesmo quando o mercado vira para o sul e começa a apostar contra esses produtos.

O personagem Jared Vennett, um corretor corrupto, interpretado por Ryan Gosling no filme A Grande Aposta, foi baseado em um trader do Deutsche Bank que estava permitindo que os investidores apostassem contra o próprio mercado no qual o Deutsche estava envolvido.

Em 2008, o banco registrou sua primeira perda anual após 50 anos, perdendo € 3,9 bilhões. "Nós cometemos erros, como todo mundo fez", disse o executivo-chefe Josef Ackermann.

Em 2015 o Deutsche é multado em US $ 2,5 bilhões pelos reguladores financeiros dos EUA e do Reino Unido por fraudar a principal taxa de juros. O banco também foi condenado a demitir sete funcionários e acusados de obstruir investigações sobre a manipulação global da taxa de referência. A multa é um recorde internacional.

O banco é multado em mais US $ 258 milhões nos EUA por fazer negócios com países sancionados pelos EUA, como Irã e Síria.

Em setembro de 2016, as ações do banco caem devido a notícias de que a instituição enfrenta um encargo de US $ 14 bilhões sobre a venda indevida de títulos hipotecários nos EUA. Eventualmente, chega a um acordo de US $ 7,2 bilhões com o Departamento de Justiça Americano.

Em 2017, reguladores do Reino Unido e dos Estados Unidos multaram o Deutsche em mais de US $ 630 milhões, depois de descobrirem US $ 10 bilhões de lavagem de dinheiro russa via “mirror trades”, que não tinha propósito econômico e serviam apenas para transferir dinheiro secretamente.

No ano passado, os reguladores financeiros de Nova York baixaram uma nova multa, de US $ 205 milhões, desta vez, por "supervisão frouxa" nos negócios de câmbio do banco entre 2007 e 2013, quando era o maior distribuidor de moeda estrangeira do mundo.

Depois de lutar para se recuperar da crise financeira, o Deutsche tenta organizar uma fusão com outro problemático banco alemão, o Commerzbank. As negociações se desfizeram em abril de 2019, frustrando os planos de um banco que seria o segundo maior da zona do euro. O governo alemão foi a favor do acordo, mas os dois bancos disseram que os riscos e custos eram grandes demais.

O Deutsche disse que iria "rever todas as alternativas" - e no fim de semana a Sewing anuncia 18 mil demissões, 20% de sua força de trabalho mundial.