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Miliciano da Muzema movimentou R$ 50 milhões em quatro anos

Bruno Pupe Cancella era figura de destaque na quadrilha que explorava a venda clandestina de imóveis na comunidade.

Por Mario Hugo Monken em 16/07/2019 às 18:22:51

Miliciano faturava milhões na venda clandestina de imóveis na comunidade da Muzema. Foto: Reprodução

Apontado como figura de destaque na quadrilha que explorava a venda clandestina de imóveis na comunidade da Muzema, no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, Bruno Pupe Cancella movimentou, entre os anos de 2014 e 2018, quase R$ 50 milhões.

Estudo da movimentação consolidada das contas bancárias do denunciado indica a circulação de nada menos do que R$ 24.922.868,68 a crédito e R$ 24.904.918,26 a débito.

Bruno tinha posição destacada em razão do fôlego e pujança na construção e exploração fundiária urbanística ilegal. Ele apresenta notável atuação na exploração do ramo imobiliário da região, servindo como elo entre os demais integrantes do bando, inclusive tomando à frente ou intermediando as atividades.

Destacam-se polpudos depósitos feitos na conta de Bruno realizados por empresas ou pessoas físicas. Entre 23/09/2016 a 06/09/2018 recebeu o montante de R$ 950.000,00. No período de 18/03/2014 a 17/10/2018, suas contas receberam R$ 882.655,00 por meio de 25 lançamentos. Ainda há relatos de resgate de aplicação automática no valor de R$ 3,2 milhões e depósito de cheque de R$ 2,3 milhões.

Sua esposa, Letícia, outra denunciada, era sócia dele em uma firma de engenharia. Servidora pública do município do Rio de Janeiro, vocacionava toda a sua expertise profissional em benefício da atividade criminosa, elaborando laudo técnico de segurança construtiva das obras realizadas pelo grupo, a fim de instrução de pleitos de regularização dos imóveis por outros comparsas, realizando consultas de dados dos cadastros imobiliários, além de atuação ativa na busca de regularização dos empreendimentos em prol da quadrilha.

Bruno e os denunciados Tonho, Martelão, Seu Silva, além de outros, figuravam como expressivos empresários no mercado imobiliário ilegal da comunidade da Muzema e adjacências. Eles atuavam como espécie de "sócios empreendedores" e com terceiros ainda não identificados,desde a sondagem de novas terras a serem ocupadas, supressão criminosa de vegetação, desmonte e transporte de terras e minerais, fornecimento de material, ocupação, parcelamento clandestino do solo, auxílio na fiscalização e execução de obras, construção, divisão, venda, locação, administração e financiamento de imóveis clandestinos.

Emais. Os criminosos faziam ocultação de bens adquiridos com proventos das atividades ilícitas, falsificação de documentos, pagamento de propina e uso de influência política junto a agentes públicos, utilização de ligações clandestinas de água e energia.

As obras efetivadas no local resultaram no surgimento de quatro edificações multifamiliares (edifícios Safira, Rubi, Esmeralda e Vitória), além de um shopping - Muzema Shopping - e outras unidades destinadas ao comércio e estacionamento de veículos. Tudo isso sem prévia autorização dos órgãos competentes.

Os milicianos chegaram a anunciar no Facebook para fins de venda apartamentos nos dois prédios que caíram em 12/04/2019, matando 24 pessoas.

Escutas telefônicas revelaram quanto os milicianos cobravam pelos apartamentos. Em diálogo no dia 22.10.2018, Bruno conversa com um homem que diz que tem investidores interessados da disponibilidade de um apartamento. O interlocutor diz que passou para eles o valor de R$ 150.000,00 mas que no preço de investidor o imóvel seria de R$ 120.000,00

Os laranjas de Bruno tiveram os nomes citados na venda do terreno onde ficava o restaurante e bar Rancho das Fantas pelo valor de R$ 1.500.000,00.



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