O diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou o surto da doença pelo vírus Ebola (DVE) na República Democrática do Congo (RDC), uma emergência de saúde pública de preocupação internacional (PHEIC, na sigla em Inglês). "É hora de o mundo perceber e redobrar nossos esforços. Precisamos trabalhar juntos em solidariedade com a RDC para acabar com este surto e construir um sistema de saúde melhor ", disse o Dr. Tedros. "Trabalho extraordinário foi feito por quase um ano nas circunstâncias mais difíceis. Todos nós devemos a esses profissionais - vindos não apenas da OMS, mas também do governo, parceiros e comunidades - terem arcado com tamanha carga".
A declaração seguiu-se a uma reunião, na quarta-feira (17) do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional para a epidemia de ebola na RDC. O Comitê citou os recentes desenvolvimentos no surto ao fazer a sua recomendação, incluindo o primeiro caso confirmado em Goma, uma cidade de quase dois milhões de pessoas na fronteira com o Ruanda, e a porta de entrada para o resto da RDC e do mundo.
Esta foi a quarta reunião do Comitê de Emergência desde que o surto foi declarado em 1 de agosto de 2018. A declaração em Genebra ocorre em meio ao agravamento da epidemia da doença, reconhecida em 1 de agosto do ano passado. Além do caso confirmado em Goma, área densamente povoada, recentemente foram confirmados três casos da doença em Uganda, no primeiro registro de transmissão inter-fronteiras e modificando o panorama geográfico da transmissão. A decisão da OMS pode facilitar a destinação de mais recursos para o combate à epidemia.
O Comité manifestou-se desapontado com os atrasos no financiamento, que limitaram a resposta. Eles também reforçaram a necessidade de proteger os meios de subsistência das pessoas mais afetadas pelo surto, mantendo abertas as rotas de transporte e as fronteiras. É essencial evitar as conseqüências econômicas punitivas das restrições de viagens e comércio às comunidades afetadas.
"É importante que o mundo siga estas recomendações. É também crucial que os estados não usem o PHEIC como uma desculpa para impor restrições comerciais ou de viagens, o que teria um impacto negativo na resposta e nas vidas e meios de subsistência das pessoas na região ", disse o Professor Robert Steffen, presidente da PHEIC. Comitê de Emergência.
Desde que foi declarado há quase um ano, o surto foi classificado como uma emergência de nível 3 - a mais grave - pela OMS, provocando o mais alto nível de mobilização da OMS. A ONU também reconheceu a gravidade da emergência, ativando a Escalada do Sistema Humanitário para apoiar a resposta ao Ebola. Ao recomendar a classificação de uma uma emergência de saúde pública de importância internacional (PHEIC), o comitê fez orientações específicas relacionadas a esse surto. "Isso é sobre mães, pais e filhos - muitas vezes famílias inteiras são atingidas. No coração disso estão comunidades e tragédias individuais ", disse o Dr. Tedros. "O PHEIC não deve ser usado para estigmatizar ou penalizar as pessoas que mais precisam de nossa ajuda."
Médicos Sem Fronteiras cobram intensificação imediata das ações de combate à doença
Na opinião da presidente internacional de Médicos Sem Fronteiras (MSF), Joanne Liu, é preciso intensificar as ações de combate à doença, envolvendo de maneira positiva as comunidades afetadas e ampliando a vacinação."Os sinais são claros: as pessoas ainda estão morrendo nas comunidades, profissionais de saúde ainda estão sendo infectados, e as transmissões ainda estão acontecendo. A epidemia não está sob controle e precisamos de uma mudança de rumo: mas isso não deveria significar restrições de movimento ou o uso da coerção na população afetada. Comunidades e pacientes precisam estar no centro da resposta, eles precisam ser participantes ativos. MSF tem vivenciado em primeira mão o quanto é difícil responder a essa epidemia. Precisamos fazer um balanço do que está funcionando e do que não está. Em um contexto onde o rastreamento dos contatos não está funcionando completamente, e nem todas as pessoas afetadas estão sendo alcançadas, uma abordagem em larga escala é necessária para prevenção, o que significa um melhor acesso à vacinação para a população, para reduzir a transmissão." Joanne Liu - presidente internacional de MSF
Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência médica. Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos.
Fonte: Com site do Médicos Sem Fronteiras e da Organização Mundial de Saúde (OMS)