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Movimentos sociais e PCC formaram milícia para extorquir moradores em SP

Aluguel de R$ 150,00 a R$ 400,00 era pago aos coordenadores do Movimento de Luta por Moradia.

Por Mario Hugo Monken em 19/07/2019 às 12:18:28

Edifício Wilson Paes de Almeida desabou no ano passado. Foto: Reprodução

Movimentos sociais e PCC formaram milícia para extorquir moradores em SP

Aluguel de R$ 150,00 a R$ 400,00  era pago aos coordenadores do Movimento de Luta por Moradia.

A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) se associou a movimentos sociais, como o MLSM (Movimento de Luta por Moradia), para extorquir moradores de um edifício abandonado antes dele desabar em São Paulo em 2018, causando várias mortes, e outros prédios ocupados por pessoas sem moradia. Esses mesmos movimentos obrigavam as pessoas a votarem no Partido dos Trabalhadores (PT).

Segundo investigações do Ministério Público Estadual de São Paulo, os moradores do Edifício Wilson Paes de Almeida, localizado no Largo do Paissandu, e de outros prédios abandonados pagavam aluguel de R$ 150,00 a R$ 400,00  aos coordenadores do MLSM. Quem atrasava o aluguel era expulso do prédio, com violência ou por ameaça.

"Os movimentos sociais, com seus respectivos líderes invadiam os edifícios e delegavam aos coordenadores a cobrança, manutenção e fiscalização dos aluguéis das vítimas residentes nos prédios; estas, sim, efetivamente necessitadas. Caso não recebessem o pagamento dos préstimos materiais, perpetravam todo tipo de ameaças e/ou violência para expulsar o ‘inadimplente’ do edifício, inclusive valendo-se do auxílio de integrantes de facção criminosa que opera dentro e fora dos presídios paulistas e pelo

Brasil afora (PCC)", diz um trecho da denúncia.

Segundo o MP-SP, operações policiais foram realizadas para prender membros do PCC em ocupações de sem-teto. Prédios invadidos funcionavam como QG e depósito de armas, facas e munições.

Além do pagamento de aluguel mensal, as vítimas eram obrigadas a cumprir com o rateio da manutenção dos prédios, sem qualquer planilha de custos que justificasse o pagamento. O imóveis não têm 

infraestrutura hidráulica, elétrica e segurança. Sem falar nas ligações clandestinas de luz (famoso gato) e de água. Situação idêntica àquela que aconteceu no edifício Wilton Paes de Almeida que deu margem à investigação.

A denúncia revela ainda que os moradores eram obrigados a votar em integrantes do Partido dos Trabalhadores, mudar o

título eleitoral para o centro de São Paulo, participar de invasões a novos prédios e participar de atos em apoio aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e à ex-presidente Dilma Rousseff. 

Através de busca e apreensão autorizada pela Justiça, foram apreendidos vários documentos. Recolhidas também planilhas de pagamentos de moradores ao movimento social, com número de cadastro e data da filiação, controle de presença e participação em reuniões dos movimentos sociais responsáveis pelas ocupações clandestinas.  Foram encontrados documentos de moradores, com registro de pagamento de R$ 695,00 para ingressar numa das invasões. 

Procurada pela reportagem para falar sobre o caso, a assessoria de imprensa do PT não respondeu até a conclusão desta matéria.


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