Movimentos sociais e PCC formaram milícia para extorquir moradores em SP
Aluguel de R$ 150,00 a R$ 400,00 era pago aos coordenadores do Movimento de Luta por Moradia.
A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) se associou a movimentos sociais, como o MLSM (Movimento de Luta por Moradia), para extorquir moradores de um edifício abandonado antes dele desabar em São Paulo em 2018, causando várias mortes, e outros prédios ocupados por pessoas sem moradia. Esses mesmos movimentos obrigavam as pessoas a votarem no Partido dos Trabalhadores (PT).
Segundo investigações do Ministério Público Estadual de São Paulo, os moradores do Edifício Wilson Paes de Almeida, localizado no Largo do Paissandu, e de outros prédios abandonados pagavam aluguel de R$ 150,00 a R$ 400,00 aos coordenadores do MLSM. Quem atrasava o aluguel era expulso do prédio, com violência ou por ameaça.
"Os movimentos sociais, com seus respectivos líderes invadiam os edifícios e delegavam aos coordenadores a cobrança, manutenção e fiscalização dos aluguéis das vítimas residentes nos prédios; estas, sim, efetivamente necessitadas. Caso não recebessem o pagamento dos préstimos materiais, perpetravam todo tipo de ameaças e/ou violência para expulsar o ‘inadimplente’ do edifício, inclusive valendo-se do auxílio de integrantes de facção criminosa que opera dentro e fora dos presídios paulistas e pelo
Brasil afora (PCC)", diz um trecho da denúncia.
Segundo o MP-SP, operações policiais foram realizadas para prender membros do PCC em ocupações de sem-teto. Prédios invadidos funcionavam como QG e depósito de armas, facas e munições.
Além do pagamento de aluguel mensal, as vítimas eram obrigadas a cumprir com o rateio da manutenção dos prédios, sem qualquer planilha de custos que justificasse o pagamento. O imóveis não têm
infraestrutura hidráulica, elétrica e segurança. Sem falar nas ligações clandestinas de luz (famoso gato) e de água. Situação idêntica àquela que aconteceu no edifício Wilton Paes de Almeida que deu margem à investigação.
A denúncia revela ainda que os moradores eram obrigados a votar em integrantes do Partido dos Trabalhadores, mudar o
título eleitoral para o centro de São Paulo, participar de invasões a novos prédios e participar de atos em apoio aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e à ex-presidente Dilma Rousseff.
Através de busca e apreensão autorizada pela Justiça, foram apreendidos vários documentos. Recolhidas também planilhas de pagamentos de moradores ao movimento social, com número de cadastro e data da filiação, controle de presença e participação em reuniões dos movimentos sociais responsáveis pelas ocupações clandestinas. Foram encontrados documentos de moradores, com registro de pagamento de R$ 695,00 para ingressar numa das invasões.
Procurada pela reportagem para falar sobre o caso, a assessoria de imprensa do PT não respondeu até a conclusão desta matéria.