Casal foi torturado por traficantes da Praça Seca após ter sido confundido com ladrões

Um casal foi torturado por traficantes que até então dominavam o Morro São José Operário, na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, após terem sido confundidos com assaltantes que estariam praticando roubos nas imediações da comunidade. Levaram tiros na mão, chutes na cabeça e apanharam com pedaços de madeira.

Um processo que tramita na Justiça incrimina oito suspeitos e traz detalhes sobre como ocorreu o fato.

Segundo os autos, no dia 31 de outubro de 2018, os acusados, após confundirem as vítimas com pessoas que estariam praticando assaltos no ´pé do morro´, dois suspeitos não identificados, com armas de fogo, interceptaram a trajetória da motocicleta conduzida por uma das vítimas, o obrigaram a seguir, juntamente com a outra vítima em sua garupa, para o alto do morro, onde foram recebidos pelos acusados e outras pessoas não identificadas. 

No local, o casal foi conduzido a uma residência, sendo que já no caminho teve início a série de agressões com socos, chutes e coronhadas contra uma das vítimas, o que continuou no interior da residência, associadas as agressões físicas a agressões psicológicas, eis que efetuadas ameaças de morte, o que não cessou mesmo após a informação efetuada por um bandido local, já falecido, de que a motocicleta utilizada pelos ladrões era de cor diferente daquela utilizada pela vítima. 

Em seguida, os acusados levaram as vítimas para uma área de mata, onde passaram a agredir ambas as vítimas com socos, chutes na cabeça, coronhadas, golpes com madeira, tendo, ainda, efetuados disparos de arma de fogo contra as mãos do casal. 

No mesmo dia, os acusados, um adolescente e outros indivíduos não identificados, subtraíram, mediante grave ameaça exercida com o emprego de arma de fogo, a motocicleta Honda placa KRK 9875, um aparelho celular Samsung J5 Prime e um chinelo da marca Oakley que estavam em posse de uma das vítimas.

Um dos acusados do crime, Flávio Jesuíno Frazão, o Jamaica, foi preso recentemente. Ele saiu do Comando Vermelho (CV) e foi para a milícia que comanda hoje praticamente todas as favelas da Praça Seca.