Nesta terça-feira (23), a Associação do IBGE - Sindicato Nacional (ASSIBGE-SN) publicou uma nota oficial denunciando que a servidora de carreira, Diana Paula de Souza, foi exonerada do cargo de Coordenadora da Comunicação Social do IBGE pela atual presidente Susana Cordeiro Guerra. Segundo a associação, Diana é a terceira servidora afastada de suas funções, depois de Cláudio Crespo, da diretoria de pesquisa, e José Sant´Anna Beviláqua, da direção de informática.
Além disso, o comunicado afirmou que outros cinco servidores também entregaram seus cargos, em resposta a intervenção de Susana no projeto técnico e tecnológico do Censo Demográfico 2020, que está sendo planejado desde 2015. Para o sindicato nacional, as mudanças que estão ocorrendo na comunicação social da instituição são igualmente preocupantes.
"A CCS é guardiã da comunicação oficial do órgão de estatística e tem um papel de destaque no cumprimento do primeiro dos princípios fundamentais de estatísticas oficiais: a relevância, imparcialidade e igualdade de acesso aos dados e pesquisas. Segundo este princípio, os órgãos oficiais de estatística devem produzir e divulgar, de forma imparcial, estatísticas de utilidade prática comprovada, para honrar o direito do cidadão à informação pública", informou a entidade.
Desse modo, o sindicato ainda ressaltou que a comunicação do órgão de estatística não pode privilegiar nenhum veículo, nenhum setor, órgão, organismo, empresa, pessoa, entidade em detrimento de outros. Para isso, devem ser cumpridos protocolos de divulgação rigorosos, visando assegurar o sigilo das informações e a igualdade de acesso.
"Na gestão de Susana Guerra a Direção do IBGE tem alijado a CCS de suas funções, lançando mão de uma empresa terceirizada pelo Ministério da Economia para fazer a comunicação institucional, o que jamais ocorreu na história da instituição. Essa empresa já convocou coletivas para informar sobre os andamentos dos trabalhos do Censo Demográfico 2020, especificamente sobre os cortes no questionário. Recentemente, o vídeo em que a própria Susana Guerra defendia o levantamento do autismo através da PNAD Contínua foi realizada sem a participação do setor de comunicação interna, o que ficou patente pela qualidade duvidosa do material divulgado, apesar do uso da vinheta da Agência de Notícias", destacou a nota da ASSIBGE.
Por fim, o texto alertou que entregar a comunicação nas mãos de uma empresa terceirizada, assim como entregar a coordenação da CS a alguém de fora dos quadros do IBGE é uma temeridade que gera o risco de não cumprimento dos protocolos de divulgação, fundamentais para um instituto de estatística a serviço da sociedade.
"A ASSIBGE-SN denuncia a intervenção do governo e o autoritarismo da Presidente do IBGE com o corpo técnico e o Sindicato, explicitado pela absoluta falta de diálogo com a categoria. Essa exoneração injustificada prova que o modus operandi adotado é retirar quem não se curva aos arroubos desprovidos de fundamentação da atual Presidente. O IBGE é um órgão público, a serviço da sociedade, não é propriedade de qualquer governo. Alertamos que as atitudes da senhora Susana Guerra podem comprometer a credibilidade do Instituto, construída com competência e dedicação de seus trabalhadores durante os 83 anos de história do IBGE", concluiu o comunicado.
A reportagem do Portal Eu,Rio! procurou a assessoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para tentar um posicionamento sobre os fatos narrados pela nota da ASSIBGE-SN, mas até o fechamento desta matéria, não obteve nenhuma resposta.