TOPO - PRINCIPAL 1190X148

Firjan prevê R$ 380 milhões em investimentos no gás natural

Previsões acompanham otimismo do governo federal, que prevê insumo até 50% mais barato e produção até 10% maior na indústria, em consequência da abertura do mercado. Federação fluminense argumenta que manutenção de virtual monopólio no setor representa risco para 40 mil empregos fabris, pelo alto custo do combustível

Por Cezar Faccioli em 24/07/2019 às 07:30:45

Plataforma de produção: Novo Mercado de Gás, anunciado pelo Governo federal, tem potencial para destravar R$ 380 milhões em investimentos até 2023, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio

O Programa do Novo Mercado de Gás, anunciado pelo Governo federal, tem potencial para destravar R$ 380 milhões em investimentos até 2023, segundo análise técnica da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). No Rio de Janeiro, o monopólio na produção e distribuição do produto representa um risco para 40 mil empregos industriais, devido ao alto custo do gás para a indústria.

O anúncio da redução de 9,8% no GLP também merece ser comemorado e um indicativo de para onde o gás natural também merece rumar, de acordo com nota distribuída pela Federação na terça. Mas a Firjan ressalta que do mesmo modo deve ser revista a precificação do gás natural, a qual deverá sofrer um ajuste positivo de 3,55% no Rio a partir de agosto. A Firjan defende a abertura de fato do mercado de gás natural, que apenas assim poderá haver redução real do preço final ao consumidor. A redução no valor é fator essencial para aumento da competitividade do setor produtivo.

A análise da Federação coincide, em linhas gerais, com a perspectiva do governo federal. Em nota divulgada na terça (23), o Ministério da Economia estima em até 50% a redução de preço final do gás natural, tendo por base o que acontece no mercado americano. A indústria produzirá de 8% a 10% a mais em consequência dessa redução de custos no insumo energético, de acordo com a nota. O Novo Mercado de Gás contribuirá para melhor aproveitamento do gás do Pré-sal, da bacia de Sergipe/Alagoas e outras descobertas, na expectativa das pastas da Economia e das Minas e Energia. As medidas pró-concorrência possibilitarão também a ampliação dos investimentos em infraestrutura de escoamento, processamento, transporte e distribuição de gás natural.

As iniciativas de aprimoramento regulatório para promoção da concorrência, o aumento da produção interna de gás natural e as comentadas perspectivas de elevação de investimento em infraestrutura no setor contribuem conjuntamente para a redução do nível de preços do gás natural no Brasil. O potencial para essa redução é expressivo, ao se avaliar o nível de preços praticado internamente e as referências internacionais de mercado. Ainda de acordo com a nota, comparativamente aos Estados Unidos, por exemplo, com base na cotação Henry Hub, o potencial de redução do nível de preço interno pode alcançar patamares de 40% a 50%. 
 
A redução do nível de preço do gás natural é importante não apenas para melhorar o bem-estar dos consumidores, mas também para a retomada da competitividade do setor industrial brasileiro. Isso porque o gás natural tem potencial para consolidar papel de insumo estratégico em diversas atividades industriais, como celulose, fertilizantes, petroquímica, siderurgia, vidro, cerâmica e outros. Reduções do nível de preço da ordem comentada, entre 40% e 50%, por exemplo, podem elevar o PIB industrial entre 8% e 10% no mesmo ano dessa variação de preços.

Para acompanhar o desenvolvimento do Novo Mercado de Gás foi assinado, na terça, um Decreto que institui o Comitê de Monitoramento da Abertura do Mercado de Gás Natural (CMGN), a ser composto pelo Ministério de Minas e Energia, Ministério da Economia, Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). O CMGN terá como função de monitorar a implantação das ações necessárias à abertura do mercado de gás e propor novas medidas ao CNPE que eventualmente se façam necessárias para a criação de um mercado aberto, competitivo e dinâmico.
 

O Novo Mercado de Gás é resultado de trabalho conjunto do Ministério da Economia, Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para a criação de um novo modelo para o mercado de gás natural brasileiro. O objetivo é a criação de um ambiente que permita a livre concorrência e, consequentemente, um melhor aproveitamento dos recursos energéticos do país.

O desenho do Novo Mercado de Gás se baseia nas diretrizes explicitadas pela Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nº 16, de 24 de junho de 2019. A resolução tem como objetivo indicar os princípios e boas práticas regulatórias para promoção da concorrência no mercado de gás natural.
Contribui também para o processo de promoção da concorrência no setor, o Termo de Cessão de Conduta (TCC) celebrado junto ao CADE em 08 de julho de 2019, em que a Petrobras se compromete a implementar uma série de medidas para facilitar o acesso de terceiros às infraestruturas da indústria de gás natural. No TCC, A empresa se compromete também a vender ativos dos segmentos de transporte e distribuição de gás natural.

Com interesse particular para o Estado do Rio, de onde sai 70% a 80% do petróleo do país, são as iniciativas previstas pelo governo federal para destinar recursos para estados, incentivando-os à adesão a modernas práticas regulatórias no setor de distribuição de gás natural. É o caso do Programa de Fortalecimento das Finanças Estaduais (PFE), que possibilitará transferência para os Estados de recursos de participações governamentais de petróleo e gás que hoje são de titularidade da União. Parte dos recursos será distribuída com base em indicadores relativos a melhorias na regulação estadual de gás natural.

Na mesma linha, estrutura-se o Programa de Equilíbrio Fiscal (PEF), que permitirá Estados com problemas fiscais receber garantias da União em futuras operações de crédito, desde que assumam compromissos relativos à melhoria das contas públicas e da regulação do serviço de gás canalizado, nesse último caso, adequando-se às boas práticas regulatórias, inclusive no tocante aos consumidores livres.


Com a indústria brasileira mais competitiva, geram-se empregos de maior qualidade para a população e ancora-se uma perspectiva de crescimento econômico mais sustentável no longo prazo, uma vez que amparada em aumento de produtividade. O cenário, então, é que o desenvolvimento da indústria de gás natural alavanque mais investimentos no país, assim como mais empregos de qualidade, e sustente uma trajetória de aumento consistente da renda per capita da economia brasileira.

POSIÇÃO 3 - ALERJ 1190X148POSIÇÃO 3 - ALERJ 1190X148
Saiba como criar um Portal de Notícias Administrável com Hotfix Press.