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"Vou defender a democracia do país dos meus filhos", afirma Glenn

Pelo Twitter, jornalista americano respondeu ao presidente Bolsonaro

Por Jonas Feliciano em 27/07/2019 às 19:36:09

Imagem: Reprodução do Twitter

Na última terça-feira (23), a prisão dos hackers acusados de invadirem os celulares de integrantes da operação Lava-Jato reascendeu as discussões do caso e também sobre as responsabilidades dos envolvidos. Um dos atos mais polêmicos foi a publicação, nesta sexta (26), da Portaria N° 666 que trata da deportação de estrangeiros envolvidos em ações suspeitas e que foi assinada pelo Ministro da Justiça, Sérgio Moro.

De acordo com especialistas, o documento expedido pelo ministro pode ter sido utilizado como um instrumento de intimidação ao jornalista, Glenn Greenvald, responsável pela série de reportagens que revelaram diálogos suspeitos entre os agentes da operação anticorrupção.

Na manhã deste sábado (27), ao ser questionado sobre a Portaria, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, declarou que a decisão não deve atingir Glenn, mas insinuou que diante dos últimos fatos, o americano poderá levar "uma cana".

"Ele [Glenn]não se encaixa na portaria. Até porque, ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não", teria afirmado Bolsonaro em uma entrevista no Rio de Janeiro.

Em seu perfil no Twitter, Glenn respondeu aos comentários do presidente. Ele ainda questionou a liberdade de imprensa e prometeu que vai defender a democracia do país dos seus filhos.

"Durante a época de Snowden, quando os governos dos EUA e do Reino Unido ameaçaram implicitamente os jornalistas e editores que reportaram, praticamente toda a mídia, de todas as ideologias, se uniu em defesa de uma imprensa livre. Eu me pergunto se isso vai acontecer aqui?

É verdade que o governo não tem o poder de me deportar. Mas eu tenho o poder de sair o Brasil voluntariamente- e tinha esse poder o tempo todo. Mas não fiz e não vou, apesar dessas ameaças. Pq? Pq sei que não têm nada contra mim. Vou defender a democracia do país dos meus filhos.

Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador. Ele não tem o poder de ordenar pessoas presas. Ainda existem tribunais em funcionamento. Para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal que eles cometeram um crime. Essa evidência não existe", escreveu em três post's seguidos.

Portaria 666

Vale destacar que, segundo Moro, a ideia é regulamentar a Lei da Migração e o Decreto nº 9.199/2017. Com isso, as autoridades administrativas teriam dispositivos legais para barrar o ingresso de pessoas envolvidas em crimes gravíssimos como terrorismo, particparticipação em grupo criminoso organizado ou associação criminosa armada, bem como, o tráfico de drogas, pessoas ou armas de fogo, além de pornografia, exploração sexual infanto-juvenil e integração à torcida com histórico de violência em estádios.

Para algumas autoridades que apoiam a publicação do documento, a portaria também aborda assuntos relacionados ao ingresso no Brasil. Tópicos como repatriação, deportação sumária, redução e cancelamento da estadia no país são previstas pela regulamentação.

Além disso, o documento não prevê a expulsão de estrangeiros por motivo diferente do enquadramento em condutas criminais especificadas. Assim como, não autoriza a deportação em casos de vedação legal como, por exemplo, de estrangeiros casados com brasileiros ou que possuam filhos brasileiros.

Em seu perfil no Twitter, Moro fez algumas considerações sobre a Portaria. Veja a seguir:

"Veda ainda a portaria que seja proibido o ingresso no país ou que estrangeiro seja deportado por motivo de raça, religião, nacionalidade, pertinência a grupo social ou opinião política. Isso não muda a generosidade da lei brasileira com imigrantes ou refugiados, apenas impede o ingresso de pessoas suspeitas de envolvimento em condutas criminais gravíssimas e específicas. Não gosto do termo pessoa "perigosa", mas é aquele utilizado pela lei ora regulada", postou o atual Ministro da Justiça.

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