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Presidente da OAB vai acionar STF para cobrar explicações de Bolsonaro

Felipe Santa Cruz quer que presidente esclareça declaração sobre seu pai, morto em 1974 no governo militar

Por André Luiz Coutinho em 29/07/2019 às 22:53:40

Foto: AgênciaBrasil/Flickr Planalto/Divulgação

Após declaração do presidente Jair Bolsonaro na manhã desta segunda-feira (29), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, declarou que vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir explicações sobre o que ele sabe sobre a morte de seu pai, Fernando Santa Cruz, em 1974 durante a Ditadura Militar.

"Quero saber do presidente o que ele efetivamente sabe, se ele soube nos porões da ditadura, o que é muito grave, porque ele diz que soube à época quando era militar, então ele reconhece relação com os porões da ditadura. Vou ao Supremo Tribunal Federal pedir, interpelar o presidente para que ele esclareça isso”, disse o presidente da OAB em entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo.

Entenda o caso

Na manhã desta segunda, em uma coletiva de imprensa, Bolsonaro disse que se Felipe quiser saber como o pai dele desapareceu no “período militar”, contaria. “Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”, declarou o presidente enquanto comentava o desfecho do processo judicial que considerou Adélio Bispo isento de pena, devido a doença mental, no caso da facada que levou durante a campanha eleitoral.

“Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro”, completou em seguida.

Bolsonaro atacou o presidente da OAB, após criticar atuação da entidade no caso. Já que segundo ele, a ordem teria impedido o acesso da Polícia Federal ao telefone de um dos advogados de Adélio.

Repúdio

A OAB logo em seguida publicou uma nota de repúdio as declarações do presidente, onde afirma que todas as autoridades do país devem "obediência à Constituição Federal", que tem entre seus fundamentos "a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos".

Em outro trecho, lembrou que o cargo de presidente exige equilíbrio e respeito aos valores constitucionais, "sendo-lhe vedado atentar contra os direitos humanos". Por último, a diretoria da OAB manifestou solidariedade não só à família do presidente da entidade, mas também a "todas as famílias daqueles que foram mortos, torturados ou desaparecidos" no país.

Já na tarde desta segunda, Bolsonaro voltou a falar sobre o tema, através das redes sociais ele falou que Fernando Santa Cruz não foi morto pelos militares e sim por uma organização de esquerda chamada Ação Popular do Rio de Janeiro, que segundo ele seria um “grupo terrorista”.

Foto: Arquivo e Reprodução/Arquivo Nacional

Comissão da verdade

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o pai do presidente da OAB “preso e morto por agentes do Estado brasileiro” em 1974 e "permanece desaparecido, sem que os seus restos mortais tenham sido entregues à sua família".

Em depoimento a mesma comissão em 2014, o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS-ES), Claudio Guerra, afirmou que o corpo de Fernando Santa Cruz Oliveira foi incinerado na Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes no norte do estado do Rio.

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