A facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) apoia o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, na retomada do controle da Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. A aliança é citada em trecho de denúncia do Ministério Público Estadual de São Paulo contra 75 integrantes do grupo paulista: "facções estão em guerra pelo comando da comunidade da Rocinha, mais precisamente o traficante Nem e Rogério 157 e que fica claro o incondicional apoio a Nem por parte das facções PCC, ADA (Amigos dos Amigos), TCA (Terceiro Comando dos Amigos) sob a coordenação do PCC".
A ADA perdeu o controle da Rocinha para o CV no ano passado quando o traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, antigo aliado de Nem, mudou de facção. Tanto Nem como Rogério estão presos.
Trechos de interceptações telefônicas de conversas entre membros do PCC falando sobre a guerra na Rocinha são citados na denúncia: "Estamos com . você Nem, fora Rogerinho. Apoiamos o irmão Nem da Rocinha. Bonde do Medonho [Nem] vai tomar a Rocinha e todo o Estado do Rio de Janeiro. TCA, ADA, PCC juntos, apoio dos estados de Pernambuco, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo",
O PCC também mantém uma aliança com o Terceiro Comando Puro (TCP). A revelação foi feita no final de junho a partir da prisão do líder da facção paulista no Rio. Segundo investigações, ele tinha conexõescom traficantes do Complexo da Maré (Vila do Pinheiro, Vila do João, Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Salsa e Merengue e Conjunto Esperança), na Zona Norte carioca, todas dominadas pelo TCP.
TCP e ADA se uniram no ano passado dando origem a um grupo com a sigla TCA. Entretanto, essa aliança foi desfeita em 2018 e as duas facções já brigam pelo controle do tráfico em algumas favelas cariocas, como o Morro da Coroa, no Catumbi, na Região Central da capital, e do Batan, em Realengo, na Zona Oeste. Vários redutos que eram antes da ADA, como o Morro dos Macacos (Vila Isabel, Zona Norte), complexos do Caju (Zona Portuária), da Pedreira (Costa Barros, Zona Norte) e São Carlos (Estácio, Região Central), viraram TCP.
A investigação do MP-SP revela ainda que, antes aliados, PCC e CV são inimigos em vários estados brasileiros como Tocantins, Pará, Ceará, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo, com homicídios sendo praticados por ambos os lados. Os integrantes da facção paulista se referem aos membros do grupo rival como "lixo".