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Furnas Centrais Elétricas investirá R$ 1,4 bilhão em ativos ano que vem

Térmicas a gás natural e pequenas hidrelétricas estão no radar da estatal, que priorizará ativos próprios e racionalizará parcerias com grandes grupos, hoje em nove Sociedades de Propósito Específico (SPEs); presidente confirma mudança de sede de Botafogo para o Centro

Por Portal Eu, Rio! em 31/07/2019 às 11:49:56

Furnas prevê investir R$ 1,4 bilhão em geração e transmissão de energia em 2020. O objetivo é ampliar o portfólio de ativos, com investimentos próprios e na geração de energia eólica e solar. A empresa também compartilhará a expertise de seus profissionais, ao oferecer serviços na área de engenharia, de modo a potencializar resultados econômicos e financeiros e ampliar a receita da companhia.


"Ano que vem, Furnas manterá o total de investimento a ser executado este ano, R$1,4 bilhão, mas ampliará o investimento corporativo, isto é, investirá menos em Sociedades de Propósito Específico (SPEs). A empresa aportará R$ 1,3 bilhão em ativos próprios e R$ 100 milhões em SPEs", destacou o presidente Luiz Carlos Ciocchi, em encontro com jornalistas no escritório central da empresa. Os investimentos já foram aprovados pelos Conselhos de Administração de Furnas e da Eletrobras, faltando agora a homologação pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), vinculada ao Ministério da Economia.

Hoje, Furnas conta com 21 usinas hidrelétricas (quatro próprias, seis sob administração especial, duas em parceria com a iniciativa privada e nove sob a forma de SPEs), três parques eólicos em SPEs e duas térmicas convencionais. Para otimizar o portfólio, reduzir custos e aumentar a receita da companhia, FURNAS vem implementando uma série de iniciativas, entre elas o projeto de Disciplina de Capital. A partir do contexto atual do sistema elétrico brasileiro, a empresa desenvolve um modelo de governança que permite o aperfeiçoamento do controle de orçamento e gestão de portfólio.

"Entendemos que é importante olhar principalmente para as SPEs, revendo quais são as participações que não estão dando retorno desejado e avaliar novas oportunidades. Algumas são estratégicas e dão retorno. Nesse caso, queremos manter ou ampliar nossa participação. As demais que não se encaixam neste perfil serão vendidas", comentou o presidente. Atualmente, Furnas participa de 24 SPEs.

Estratégias passam por diversificação de fontes geradoras e revisão de parcerias, como novas compras e vendas

Além da disciplina financeira, Furnas está atenta a novos negócios. O presidente não descartou, por exemplo, a possibilidade de investir em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) a partir de parcerias. "O Brasil tem um potencial hidrelétrico muito grande, inclusive em PCHs, que pode ser uma nova plataforma da empresa. Estamos interessados em bons negócios e que tenham a ver com as nossas competências. Se tivermos parceiros com know how e se quisermos ser a melhor e maior empresa de energia elétrica, precisamos estar sempre abertos a oportunidades". Furnas analisa, ainda, as chances para ampliar seu parque de térmicas à gás. "Hoje, o mercado para termelétricas à gás é promissor, com menor impacto ambiental, emissões controladas e bastante reduzidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, há térmicas em estacionamentos de shoppings", exemplificou. Entre os investimentos já confirmados para o ano que vem está o Complexo Eólico de Itaguaçu da Bahia (BA). "O empreendimento possui cerca de 300 MW de capacidade instalada e contará com investimento de cerca de R$ 800 milhões, com possibilidade de negociar a energia produzida no mercado livre", reforçou Ciocchi.

O presidente de Furnas destacou também como a empresa vem mudando seu enfoque para valorizar as competências dos profissionais da casa e, com isso, prestar serviços de excelência técnica. "Vamos contratar consultoria para identificar potenciais clientes e ampliar oferta ao mercado de serviços de engenharia, tecnologia, desenvolvimento de protótipos, medição e laboratório. A ideia é estruturar uma área de negócio apta a prestar, de maneira assertiva e competitiva, serviços para diversos setores".

Futura sede promete economia de 50%, mas é questionada por funcionários e desperta temores no comércio local

Luiz Carlos Ciocchi confirmou a mudança do escritório central da empresa, em decisão já aprovada pelo Conselho de Administração. "FURNAS irá ocupar um lugar privilegiado no Centro da cidade do Rio de Janeiro, em um edifício moderno e com todas as facilidades de transporte, serviços e opções culturais para os funcionários", destacou. A mudança foi motivada pela política de racionalização de custos e despesas da empresa, e resultará na redução de mais de 50% dos gastos com aluguel e serviços. Atualmente 1.500 colaboradores trabalham na sede. "Resistência à mudança sempre existe. Por isso mesmo eu fiz questão de conversar e ouvir os funcionários. Descartamos a primeira opção de endereço e optamos por um prédio com a mesma metragem do anterior e que será totalmente ocupado por FURNAS", concluiu.

Entidades de representação de funcionários questionam a mudança da sede, há 48 anos no local. A Associação dos Empregados de Furnas (ASEF), a Associação dos Aposentados de Furnas (Após-Furnas) e Associação dos Contratados de Furnas (ACEP) organizaram atos públicos e lançaram um abaixo-assinado na internet no dia 4 de julho, até o fechamento desta reportagem com 1.463 adesões. Na nota, as associações repudiam veementemente a iniciativa, que classificam de 'leonina e draconiana', partida de uma diretoria executiva que 'acabou de chegar e que, pelo visto desconhece além da história de Furnas, o valor agregado da sede e a sua importância da marca institucional'.

No texto em que pedem as adesões de moradores e comerciantes de Botafogo, além de 'brasileiros nacionalistas',as associações de funcionários ressaltam o peso de Furnas para a História e a Economia do País: "No dia 26 de junho de 2019, os canais oficiais de comunicação de Furnas divulgaram a decisão da diretoria executiva da empresa em transferir a sua sede, estabelecida em Botafogo (RJ) desde 1971, para alguns andares de um edifício próximo à Central do Brasil (Centro-RJ). Furnas é a maior subsidiária do grupo Eletrobras presente em 16 estados e no Distrito Federal e que opera e mantém um sistema por onde passa cerca de 40% da energia que move o Brasil, atuando no abastecimento a regiões onde estão situados 63% dos domicílios e 81% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O manifesto prossegue em tom enfático:
"Nos últimos anos, FURNAS vem sendo submetida a um processo claro de deterioração contínua de identidade, que pode ser exemplificada com a decisão de inclusão do nome da holding na denominação social de todas as controladas da Eletrobras, bem como com a eliminação da marca de FURNAS - a torre-estrela de transmissão - e sua substituição por um logo único, aplicável a todas as empresas do Sistema Eletrobras.

Aos exemplos de tentativa de deterioração da marca, soma-se agora a surpreendente decisão de transferência da sede de FURNAS, onde guia sua atuação no setor elétrico brasileiro há quase 50 anos, para o Centro do Rio de Janeiro, em sentido absolutamente inverso ao de muitas empresas Brasil e mundo afora, em função de fatores vinculados a sustentabilidade, mobilidade e segurança pública.

É compreensível que a direção de FURNAS esteja preocupada com a necessidade de redução de custos operacionais. Mas nos parece inacreditável que a decisão de tamanha magnitude e simbolismo tenha faltado à diretoria a inclusão da componente estratégica, que deve permear toda decisão relevante da empresa.

A história, a marca, o nome, a sede constituem, inequivocamente, o conjunto de valores intangíveis de qualquer empresa, no Brasil e no mundo, que são respeitados e preservados pela sucessão de gestores que compõem, ao longo do tempo, a alta administração das empresas.

É impressionante que a atual diretoria, há menos de dois meses no comando executivo de FURNAS, tenha tomado decisão tão impactante para a identidade da empresa e a moral de seus funcionários, ignorando quaisquer desses valores, amparada tão somente em alegados números de planilha Excel e, mais, no ano em que companhia registra recorde de receita.

É flagrante o impacto da anunciada decisão na moral dos empregados e aposentados de FURNAS, já abalada em tempos que a palavra privatização insiste em permanecer em pauta, e que vem surtindo efeitos no clima organizacional e até na saúde ocupacional dos funcionários. Vê-se então outra marca da decisão: a total insensibilidade quanto ao seu timing, revelando mais uma variável desconsiderada pela diretoria, que, como as outras, deve sempre compor as decisões estratégicas.

Desnecessário dizer que também são extensas as consequências da decisão sobre a continuidade segura das operações e atividades de FURNAS, que não nos parece, mais uma vez, que tenha sido considerada em uma matriz de risco - desconhecemos a existência da própria matriz.

Soma-se aos argumentos o simples e inconteste fato de que FURNAS - e a própria holding - passam por momento de definição de seu futuro, no qual as suas condições, inclusive identidade e sede, devem ser considerados de forma sistemática, sob pena de cometimento de histórico equívoco.

Em momentos como este, as empresas devem buscar fortalecimento e solidez para alcançarem novos caminhos. Em sentido diametralmente oposto, a mudança de sede representa a precipitação e a falta de embasamento decisório - técnico, administrativo e, sobretudo, estratégico", conclui o documento.




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