Embora o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tenha anunciado a redução em meio ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic, de 6,5% para 6%, a menor desde o regime de metas da inflação, em 1999, a medida não vai impactar significativamente na vida do consumidor brasileiro nem reaquecer a economia, que amarga uma estagnação, segundo análise do economista Marcel Balassiano, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), do Rio de Janeiro.
“A expectativa do mercado é que até o final deste ano, a taxa fique em 5,5%. Se manteve em 6,5% por 16 meses. No ano passado, o PIB cresceu 1,1%, enquanto que a projeção para este ano é inferior a 1%. A economia está em recuperação muito lenta. São necessárias várias reformas para reaquecê-la. A primeira é a Reforma da Previdência, já aprovada em primeira discussão no Congresso Nacional e que agora será votada em segunda discussão. Ela é importante, pois o principal problema macroeconômico do país é o desequilíbrio das contas públicas”, explica o economista.
De acordo com Balassiano, outras medidas são necessárias para reaquecer a economia. “A reforma tributária e melhorar o ambiente de negócios, diminuindo a burocracia para abrir e fechar empresas. O custo Brasil é muito alto ainda”, observa o economista.
O novo percentual da taxa Selic é o menor da série histórica do Banco Central, iniciada em 1986. Em comunicado, o Copom informou que, desde a última reunião, em junho, houve a consolidação de um "cenário benigno", permitindo o corte de 0,5 ponto percentual. O comitê sinalizou que há espaço para novos cortes, ao afirmar que o novo cenário "deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo". No entanto, não sinalizou exatamente quando isto será feito.
Segundo o BC, houve melhoria nos cenários internos e externos. "Indicadores recentes da atividade econômica sugerem possibilidade de retomada do processo de recuperação da economia brasileira. O cenário do Copom supõe que essa retomada ocorrerá em ritmo gradual. O cenário externo mostra-se benigno, em decorrência das mudanças de política monetária nas principais economias", afirma o Banco Central.