Os Estados Unidos retiraram-se formalmente de um pacto de mísseis nucleares com a Rússia na sexta-feira (02), depois de afirmarem que Moscou violou o tratado, algo que o Kremlin repetidamente negou.
Washington sinalizou que retiraria o tratado de controle de armas há seis meses, a menos que Moscou aderisse ao acordo. A Rússia chamou a ação de uma manobra para sair de um pacto que os Estados Unidos queriam deixar de qualquer maneira para desenvolver novos mísseis.
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário de 1987 (INF), foi negociado pelo então presidente dos EUA, Ronald Reagan, e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev. Proibiu mísseis terrestres com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros, reduzindo assim a capacidade de ambos os países de iniciar um ataque nuclear a curto prazo.
"Os Estados Unidos não permanecerão parte de um tratado que é deliberadamente violado pela Rússia", disse o secretário de Estado, Mike Pompeo, em um comunicado sobre a retirada americana.
"O não-cumprimento da Rússia sob o tratado coloca em risco os interesses supremos dos EUA, já que o desenvolvimento da Rússia e o uso de um sistema de mísseis violadores de tratados representam uma ameaça direta aos Estados Unidos e nossos aliados e parceiros", disse Pompeo.
De acordo com altos funcionários do governo americano, a Rússia teria implantado "múltiplos batalhões" de um míssil de cruzeiro em toda a Rússia, violando o pacto, inclusive no oeste da Rússia, "com a capacidade de atacar alvos críticos no território americano".
A Rússia nega a alegação, dizendo que o alcance do míssil o coloca fora do tratado. Moscou disse a Washington que sua decisão de abandonar o pacto compromete a segurança global e remove um pilar fundamental do controle internacional de armas.
A Rússia disse na sexta-feira que pediu aos Estados Unidos uma moratória sobre a implantação de mísseis nucleares de curto alcance e alcance intermediário. "Um grave erro foi cometido em Washington", disse o Ministério de Relações Exteriores da Rússia em um comunicado.
"Nós já introduzimos uma moratória unilateral e não implantaremos mísseis de curto ou médio alcance baseados em terra, se os obtivermos, em regiões onde tais mísseis dos EUA não estão implantados", continua o comunidade.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a Rússia não quer uma corrida armamentista e prometeu não instalar mísseis russos a menos que os Estados Unidos o façam primeiro.
No entanto, caso Washington dê esse passo, ele diz que será forçado a instalar mísseis nucleares supersônicos russos em navios ou submarinos próximos às águas territoriais dos EUA.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, rejeitou o pedido de moratória da Rússia na sexta-feira, dizendo que "não é uma oferta confiável", já que ele disse que Moscou já havia implantado mísseis ilegais.
"Não há novos mísseis americanos, nem novos mísseis da Otan na Europa, mas há cada vez mais novos mísseis russos", disse ele.