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O sequestro do Rio de Janeiro

Sitiada por franceses, palco de batalhas e heróis. Este foi o sequestro da Cidade Maravilhosa

Por Kaio Serra em 13/08/2019 às 16:58:28

Foto: Reprodução de internet

Numa bela quarta-feira pela manhã, no longínquo dia 06 de agosto de 1710, o bom povo carioca estava na prainha (hoje a Praça Mauá), na antiga Praça dos Baleeiros, quando, sem qualquer aviso, surge uma frota de 5 navios de guerra, com cerca de 1.200 homens, e uma imensa bandeira do Império Francês. A esquadra de corsários, liderada pelo lendário pirata Jean-François Duclerc, estava a serviço do Rei Francês Luís XIV, e tinha como missão atacar o Rio de Janeiro.

Ao passar pela Prainha, Duclerc observou o acumulo de pessoas no porto e decidiu não atacar de imediato. Continuo navegando rumo ao sudoeste, em direção à São Paulo, no entanto, pararam na, então, “desventurada” região hoje conhecida como Barra da Tijuca. Caminharam até a Restinga da Marambaia, logo após a Pedra de Guaratiba, e se encontraram com índios tamoios, aliados dos franceses.

Os tamoios guiaram os corsários por terra, caminhando pela Barra da Tijuca, Camorim, Curicica, Jacarepaguá, Engenho Novo, até chegarem na “Passagem de Humaitá”, hoje bairro do Humaitá, pegando a Cidade do Rio pelas costas.

Os ataques iniciaram pela “Rua da Vala” (hoje Rua Uruguaiana), no entanto, ocorreu uma grande resistência local, não por parte do Governador Francisco de Castro Morais, que fugiu para a Região Serrana, mas sim pelos estudantes jesuítas e do Convento de Santo Antônio.

No final do dia 7, os estudantes conseguiram repelir o ataque corsário, matando mais de 300 piratas, além de aprisionar 41 oficiais franceses, além do comandante da esquadra, Jean Duclerc.

Duclerc e seus oficiais, ficaram presos nas casas de nobres da cidade, enquanto os corsários de menores patentes, foram enviados para a Ilha das Cobras. Fato curioso é que, como o Governador havia fugido da cidade, o próprio Duclerc foi mantido preso na residência oficial do próprio governador, tento inclusive, como consta em seu diário, tido “noites de amor” com a esposa do Governador Francisco de Castro Morais.

Em seu retorno, e sabendo do caso entre sua esposa e o líder corsário, Castro Morais ordena que dois homens assassinem Duclerc, o que de fato foi feito em abril de 1711, na Casa do o Governador. Acredita-se que os dois homens que mataram Duclerc seriam o filho e o sobrinho de Castro Morais.

Tão logo a notícia da morte de Duclerc chegou à França, o Rei Luís XIV ordena que outra esquadra, ainda maior, ataque sem piedade a Cidade do Rio de Janeiro. Essa expedição aportou em águas cariocas em setembro de 1711, e era composta por 18 navios, 5.624 homens, além de 740 peças de artilharia.

Diferentemente da primeira esquadra, esta segunda atacou o Rio de Janeiro pela frente, exatamente onde hoje fica o Museu do Amanhã. Para defender a cidade, foram acionadas a Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói, além da Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro. Em terra, mais uma vez Castro Morais fugiu para a Região Serrana, deixando a cidade totalmente a mercê dos invasores.

O comandante da expedição era o Almirante Corsário René Duguay-Trouin, veterano da Guerra da Sucessão Espanhola, sendo vitorioso de diversas batalhas contra Ingleses e holandeses.

Apesar dos grandes esforços e lutas pelas ruas da cidade, os cariocas sucumbiram ao poderio francês, e em setembro de 1711, o Rio de Janeiro foi conquistado por Trouin, que se instalou no Palácio do Governador, e de fato governou o Rio.

Para devolver a cidade, os franceses exigiram um resgate, um “vultoso resgate”. Foi exigido à coroa portuguesa, 600 mil cruzados, 100 caixas de açúcar além de 200 bois. Na Europa, a coroa portuguesa se reuniu com Luís XIV e decidiram pagar o resgate. Na época, a cidade estava a um passo de se tornar a capital da colônia.

Após o pagamento, Duguay-Trouin discursa para o povo carioca, dizendo que estava ali não somente por Duclerc, mas também para vingar Nicolas Villegagnon, o vice-almirante francês que conquistou a Cidade de Cabo Frio, em 1554, chegando no Rio em 10 de novembro de 1555, sendo expulso e humilhado pelos portugueses em 1565.

O Governador Castro Morais foi apelidado de “Vaca”, sendo vaiado e destituído do cargo, escorraçado, foi mandado de volta para Portugal. Na França, Duguay-Trouin se torna Herói Nacional Francês.

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