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Tragédia de Realengo motivou criação do projeto social Música Para a Vida, em Magalhães Bastos

Projeto transforma a realidade de 45 crianças, jovens, adultos e idosos, de oito a 80 anos

Por Portal Eu, Rio! em 14/08/2019 às 16:43:22

Foto: Divulgação

A tragédia da escola Tasso da Silveira, em Realengo, em 2011, onde 12 adolescentes foram mortos, vítimas de tiros disparados por um ex-aluno, que em seguida, se matou, marcou para sempre a vida de dezenas de pessoas e serviu de motivação para a criação de um projeto social que tem transformado a realidade de 45 crianças, jovens, adultos e idosos, de oito a 80 anos. Eles participam do projeto Música Para a Vida, criado em Magalhães Bastos pelo professor Jander Rafael.

Dois alunos de música de Jander estudavam na escola Tasso da Silveira e relataram os horrores vividos na data fatídica. Foram esses relatos que incentivaram o professor, morador de Magalhães Bastos por 25 anos, a criar um projeto que desse oportunidade de socialibilização, um caminho interativo para o desenvolvimento de crianças e jovens por meio da música. O projeto, que começou com aulas de música, cresceu e rendeu frutos, como a Banda Sinfônica Música Para a Vida, que, atualmente, conta com 25 integrantes.

“Foi um impacto muito forte em todos nós. Pensei que podíamos tentar cortar o mal pela raiz, dar um sentido à vida de crianças e adolescentes para que matanças como essa não se repetissem. O resultado está aparecendo. Além de ver o desenvolvimento dessas crianças e jovens, dois alunos do projeto foram aprovados no concurso para sargento músico do Exército”, orgulha-se Jander, que é regente da banda.

O Música Para a Vida oferece aulas de violão, guitarra, cavaquinho, violino, contrabaixo elétrico, percussão, saxofone, trompete, trombone, flauta transversa, bombardino, tuba, trompa, clarinete, teclado, canto e elaboração de partitura no computador. Alunos sem condições financeiras têm bolsa integral nos cursos.

Doação de instrumentos e cessão de espaço

Para dar início ao projeto, o professor doou instrumentos seus e pediu a colaboração de outros professores de música. Para conseguir um local adequado para as aulas, que funcionavam em um espaço improvisado no ano passado, bateu na porta do vereador Italo Ciba, morador da região há mais de 50 anos que, prontamente, solicitou o amplo espaço da Associação de Moradores da Vila Brasil, na Travessa Marechal Mallet, 593, em Magalhães Bastos, onde, atualmente, acontecem os ensaios da banda e as aulas de música.

Ciba conheceu vários dos estudantes mortos na Tasso da Silveira e, em virtude da tragédia, apresentou à Câmara e aprovou em plenário, a Lei 6.552 de 2017, que obriga a realização de avaliação psicológica na Rede Municipal de Educação no início de cada ano letivo e a cada semestre, também com o objetivo de evitar novos casos de violência nas escolas.

“Tenho muito orgulho de apoiar o Música Para a Vida. Foi importante conseguir aprovar, na Câmara dos Vereadores, a Lei que cria a avaliação psicológica nas escolas, mas projetos como estes também tem o efeito de prevenir danos, são uma potente ferramenta de transformação social. Nossos objetivos são semelhantes. A tragédia de Realengo chocou o país. Para nós, moradores da região, que conhecemos muitos dos alunos vítimas do atirador, será sempre uma ferida aberta. Não podíamos ficar de mãos atadas, precisávamos agir”, explica o vereador Italo Ciba.

A arte transforma

Segundo Jander, o projeto vai além da música. “Vários alunos chegaram aqui com problemas de relacionamento familiar, na escola, com depressão. Ver a evolução dessas pessoas é a maior recompensa para mim. Problemas todos têm mas, em um espaço como esse, os integrantes se sentem acolhidos, conhecem a realidade dos outros, aprendem a viver com as dificuldades e superá-las. Somos uma família. A arte transforma e a música é a essência da vida”.

O depoimento dos alunos reforça a observação do professor. Juliana Rodrigues Simão, 13 anos, foi uma das primeiras alunas do projeto, que integra desde 2012. “Minha mãe me inscreveu porque queria que eu tivesse uma atividade além da escola. Comecei tocando bateria e hoje toco clarinete. Esse projeto me tornou uma aluna melhor, uma pessoa melhor, mudou a minha vida”, elogia a jovem.

Para Anna Beatriz Félix, 19 anos, a banda é uma motivação para outros projetos. “Toco trompa há quatro anos com esse grupo, que me dá muita força, me ajudou com meus problemas pessoais e me incentivou a ter uma formação. Só tenho a agradecer ao Jander e a todos que nos ajudam a realizar esse sonho”, comenta Anna.

Retribuição

Morador de Madureira, bairro da Zona Norte, Marcos Vinicius da Silva Alcântara, 18 anos, integra o Música Para a Vida desde 2015. “Eu tocava violão na igreja e um amigo do Jander me falou sobre o projeto. Aprendi a tocar sax e trombone. O mais gratificante hoje é poder retribuir. O Jander nos ensinou e hoje passamos nossos conhecimentos para as crianças pequenas”, destaca Marcos.

A banda já se apresentou na Câmara dos Vereadores, a convite do vereador Italo Ciba, no Consulado de Angola, em diversas igrejas, na lona cultural Gilberto Gil e na Associação Vila Mallet, em Magalhães Bastos, entre outros. A próxima apresentação está marcada para o dia 04 de setembro, na Vila Militar.

Quem tiver interesse em convidar para apresentações e/ou ajudar o grupo com doações para custearem os deslocamentos dos integrantes, pode entrar em contato com o regente Jander Rafael, pelo telefone 96666-4415.

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