Fruto da crise econômica que atingiu o país a partir de 2015, o setor de serviços tinha em 2017, 1,307 milhão de empresas, que empregavam 12,302 milhões de pessoas e pagavam, em média, 2,2 salários mínimos. Bem menos do que em 2016, quando totalizavam 1,330 milhão de empresas (-1,7%), com 12,345 milhões de empregados (-0,3%), pagando 2,3 salários mínimos. Entre um ano e outro foram fechadas 23,1 mil empresas, especialmente no setor de serviços prestados às famílias, transportes e correios (26,9 mil empresas). Os números são da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2017, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada na manhã desta quarta-feira.
Segundo o levantamento, os números caíram também em relação ao ano de 2014, quando o setor de serviços contava com 1,321 milhão de empresas (-1,1%), 13,0 milhões de trabalhadores (-5,3%) com remuneração média de 2,4 salários mínimos. A PAS analisa a estrutura produtiva do setor de serviços não financeiros no país. A pesquisa conta ainda que houve desconcentração nesse período. As oito maiores empresas prestadoras de serviço foram responsáveis por 9,5% da receita operacional líquida em 2017. Em 2008, elas respondiam por 14%. O setor de serviços sempre foi considerado como o que mais emprega no país.
De acordo ainda com a pesquisa, em 2017, as empresas do setor de serviços geraram R$ 1,5 trilhão de receita operacional líquida e R$ 906,5 bilhões de valor adicionado bruto, além de terem pago R$ 336,7 bilhões de salários, retiradas e outras remunerações. De 2008 a 2017, a atividade de serviços de informação e comunicação perdeu importância relativa no total dos serviços, caindo da primeira para a terceira posição na participação da receita líquida, passando de 29,8%, em 2008, para 22,5%, em 2017. Contribuiu para isso a queda de relevância da atividade de telecomunicações, cuja participação na receita caiu de 18,1% para 10,6%.
Já o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, que ocupava a segunda colocação há dez anos, passou a concentrar a maior parcela da receita operacional líquida (29,5%) em 2017, um aumento de 0,6 %), puxado pelo crescimento dos serviços ligados ao transporte rodoviário de cargas. A segunda maior receita líquida foi dos Serviços profissionais, administrativos e complementares (26,2%). Os demais segmentos mantiveram as posições do ranking na comparação com 2008.
O maior contingente de trabalhadores no setor, que correspondia a 4,9 milhões de pessoas (39,9%), atuava nos serviços profissionais, administrativos e complementares, atividade em que se enquadram, por exemplo, as empresas de locação de mão de obra e vigilância. Em seguida, no ranking de maiores empregadores, apareceram serviços prestados principalmente às famílias (22,6%), que passou da terceira para a segunda posição entre 2008 e 2017, e transportes e serviços auxiliares aos transportes e correio (20,4%).
Famílias - Os serviços prestados principalmente às famílias, que englobam a prestação de serviços pessoais, alojamento, alimentação, ensino continuado e atividades culturais, aumentou a sua participação em 3,4%, passando a concentrar 12,% da receita operacional líquida. Contribuiu para este resultado a prestação de serviços de alimentação, que corresponde a 7,8% do faturamento dos Serviços e que avançou 2,5% no período de dez anos.
As atividades imobiliárias, que correspondem à compra/venda/aluguel bem como os serviços de intermediação neste processo, concentraram 2,4% da receita operacional líquida e não apresentaram mudanças estruturais significativas no período. A prestação de serviços de manutenção e reparação mantiveram sua fatia praticamente estável entre 2008 e 2017, variando 0,3%. e acumulando 1,8% da receita operacional líquida em 2017. A manutenção e reparação de veículos foi o componente que mais avançou no período (0,2%), passando a concentrar 1% do faturamento dos serviços.
As outras atividades de serviços, como serviços auxiliares da agropecuária, financeiros, atuariais e de coleta/tratamento de esgoto – somaram 5,6% da receita operacional líquida. A atividade de serviços auxiliares financeiros, dos seguros e da previdência complementar, que corresponde à maior fatia deste segmento, concentrou 3,6% do faturamento dos Serviços e aumentou sua participação em 0,5% nos últimos dez anos da pesquisa.
A pesquisa mostra que o setor de serviços é bastante desconcentrado. As oito maiores empresas investigadas responderam por 9,5% da receita operacional líquida do setor em 2017. Todos os segmentos apresentaram redução na concentração entre 2008 e 2017, exceto as empresas classificadas em outras atividades de serviços, que aumentaram o indicador de concentração em 6,4% passando a reunir 16,6% da receita nas oito maiores empresas.
O número de pessoas ocupadas caiu 0,3% em relação a 2016. O maior crescimento foi em atividades imobiliárias (5,8%). O setor de serviços de manutenção e reparação caiu 2,9%. Já na comparação com 2014, a queda foi de 5,3%. O setor de atividades imobiliárias cresceu 17,2%, sendo o único setor a apresentar resultados positivos. Os serviços de manutenção e reparação mostraram o pior desempenho (-8,8%).
O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares registrou a maior participação no emprego, sendo responsável por 39,9% do pessoal ocupado, seguido dos segmentos de serviços prestados principalmente às famílias (22,6%), de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (20,4%) e de serviços de informação e comunicação (8%). Os demais setores (atividades imobiliárias; serviços de manutenção e reparação; e outras atividades de serviços) empregam um número relativamente menor de pessoas, sendo responsáveis, respectivamente, por 2%, 3,3% e 3,8% do pessoal ocupado.
Houve crescimento no número de pessoas ocupadas, em relação a 2008, em todos os segmentos investigados, totalizando um aumento absoluto de 3,3 milhões de pessoas ocupadas na atividade de serviços não financeiros. O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares, apesar de ter registrado o maior aumento absoluto em pessoal ocupado (1,3 milhão), apresentou leve perda de participação no total, passando de 40,4%, em 2008, para 39,9% em 2017, mas permanecendo na primeira posição.
O Sudeste concentrou 65,6% da receita de serviços no estado de São Paulo, seguido do Rio de Janeiro (20,%), Minas Gerais (11,9%) e Espírito Santo (2,5%). Em relação a 2008, houve um ligeiro avanço na participação de São Paulo (1%) em contrapartida à redução da participação de Minas Gerais (0,8 p.p.) e Espírito Santo (0,2%.).