O Ministério Público do Rio de Janeiro abriu dois processos de investigação contra o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), por suspeita de uso de funcionários "fantasmas" em seu gabinete. Segundo o Ministério Público, o vereador, que teve seu primeiro mandato em 2001, teria colocado em seu gabinete sua ex-madrasta, Ana Cristina Valle, como chefe de gabinete, e outros sete parentes dela que não trabalhavam na Câmara do Rio e recebiam os salários e benefícios. A suspeita é que os envolvidos devolviam parte dos salários ao vereador. Ana Cristina Valle trabalhou no gabinete até 2008, quando se separou do presidente Jair Bolsonaro, e teria colocado, indevidamente, a cunhada Marta da Silva Valle e o ex-cunhado Gilmar Marques, que moram em Minas Gerais, lotados no gabinete de Carlos Bolsonaro em funções administrativas.
Marta Valle é professora de educação infantil e sempre morou em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e ficou, segundo registros da Câmara do Rio, no período de novembro de 2001 e março de 2009, lotada no gabinete do vereador e recebeu, aproximadamente, 17 mil reais.
Já Gilmar Marques, ex-cunhado de Ana Cristina Valle, hoje mora em Rio Pomba, Minas Gerais, e é representante comercial na área farmacêutica e teria ficado lotado no gabinete de Carlos Bolsonaro do período de 4 de janeiro de 2001 a 1º de abril de 2008 com um salário de, aproximadamente, 14 mil reais.
Os dois processos estão sendo investigados sob segredo de justiça pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, pelo Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim) e pela 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital.
Os investigados também teriam feito o mesmo esquema no gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSC-RJ) na época em que ele era deputado estadual na ALERJ.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) disse em nota que "esclarece que a existência de procedimento administrativo em face do vereador Carlos Bolsonaro foi confirmada ao jornal O Globo em atendimento a pedido realizado via Lei de Acesso à Informação (LAI). O expediente que tramita junto ao Grupo de Atribuição Originária Criminal do Procurador-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ) tão somente confirma a tramitação do procedimento e nega o acesso a ele, em razão da decretação de sigilo, o que evidencia não ter havido beneficiamento de qualquer veículo de comunicação com informações privilegiadas.