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Projeto na Alerj tomba Buraco do Lume, alvo de Crivella

Tombamento visa abortar tentativa da Prefeitura de mudar parâmetros urbanos da área e permitir construção de arranha-céu em um dos últimos espaços públicos abertos na Avenida Rio Branco, tradicional ponto de agitação política

Por Portal Eu, Rio! em 11/09/2019 às 21:09:52

Por muito tempo um terreno baldio com a falência do grupo empresarial que lhe empresta o nome popular, o 'Buraco do Lume' é um dos últimos espaços públicos abertos na Rio Branco, coração financeiro e

Palco de manifestações e discursos políticos, o Buraco do Lume está no centro das atenções: foi publicado no Diário Oficial da quarta-feira (11/09) projeto de lei para tombar o espaço, haja vista a anunciada intenção da prefeitura do Rio de restabelecer os parâmetros urbanos da localidade para que o proprietário do terreno, que é privado, possa construir uma edificação. A Praça Mário Lago, anteriormente chamada Praça Melvin Jones, e popularmente conhecida como Buraco do Lume, é um famoso logradouro situado no Centro da cidade do Rio de Janeiro, próximo ao Largo da Carioca, e de sua estação de metrô. Ambulantes, estudantes, contínuos e funcionários públicos e privados do coração financeiro e cultural do Rio se misturam num ponto tradicional de pregação política, agitação cultural e azaração bem carioca.

Afinal, além de a população perder um espaço histórico e bucólico, uma possível obra nessa área poderia acabar com uma animada e tradicional “pelada”. Alheio ao movimento frenético de pedestres, ciclistas, carros e VLTs, um grupo de operários se distrai jogando futebol na Praça Mário Lago (nome oficial do Lume) ao meio-dia. A brincadeira ficou séria, a ponto de hoje ter começado um torneio de operários da obra do novo prédio da Alerj, na antiga sede do Banerjão, na Rua da Ajuda – a disputa vai até a próxima sexta-feira.

“Aqui no Centro já não existe área de lazer e ainda pensam em tirar nosso sossego, nosso descanso?”, comenta o ajudante de eletricista, Pedro Carvalho, de 52 anos. Ele é um dos organizadores dos jogos de futebol que acontecem entre os operários há pelo menos três anos e tem o espaço como um lugar de alegria e descanso.

A proposta de tombamento e adoção urbanística da área, de autoria do deputado André Ceciliano (PT), agradou: “O povo é quem vai ganhar se ocorrer o tombamento. As pessoas vêm aqui descansar, meditar, tem gente que até almoça aqui e assiste ao jogo. Aqui, no Centro, já não existe área de lazer e ainda pensam em tirar nosso sossego, nosso descanso? E se o local for preservado e se nós continuarmos na obra até ano que vem, vamos fazer vários torneios aqui”, explicou Pedro.

Quatro times de quatro jogadores disputam o campeonato, que será encerrado com um churrasco. Thiago Costa, de 30 anos, é soldador e artilheiro de um dos times. “Esse futebol aqui é a nossa alegria. Eu almoço rapidinho e corro pra cá, para conversar com meus amigos e jogar uma partida, e há três anos participo desse torneio. Tomara que o espaço nunca acabe”, afirmou.

Na arquibancada formada pelos degraus de cimento, trabalhadores em horário de almoço reforçam a torcida estimada em até 200 pessoas. Igor Pereira, de 20 anos, ajuda a montar e desmontar as barraquinhas dos camelôs da praça. No intervalo entre um ‘trampo’ e outro, não perdia uma partida. Há dois meses, conseguiu o seu lugar literalmente ao sol. “Todo dia agora eu jogo e gosto muito. E espero que continue. Esse pequeno evento é maravilhoso, sem palavras”, ressaltou Igor.

Funcionária de uma empresa de limpeza de um prédio do entorno, Andressa Pinheiro, de 34 anos, diz que o espaço é símbolo de liberdade. “Esse lugar aqui não pode acabar. Eu moro em comunidade e venho aqui na hora do almoço porque me sinto presa no lugar onde eu vivo por conta dos tiroteios. Nesse horário eu aproveito para sair um pouco”, disse Andressa.

O comerciante Robson Oliveira da silva é um dos incentivadores dos jogos de futebol e acredita que o local ajuda a melhorar a qualidade de vida dos participantes. “Eu acho de grande valia, é para o bem público esse projeto de lei. Estou de acordo e muito feliz com a iniciativa do tombamento. Não só eu, mas vários trabalhadores vêm aqui para ter um pouquinho de lazer”, destacou Robson.

Mudança de sede

A mudança de sede da Assembleia Legislativa do Rio para um edifício localizado em frente ao Buraco do Lume está prevista para começar no fim deste ano. As atividades da Alerj, que hoje ocupam três prédios, vão passar a se concentrar no edifício do antigo Banerjão, que pertencia ao Governo do Estado e está sendo completamente reformado com recursos próprios economizados pelo Legislativo.

Durante o recesso de fim de ano, será feita a mudança do prédio administrativo da Rua Alfândega para a nova sede. O novo prédio (edifício Lúcio Costa) vai permitir uma maior integração de todas as atividades da Casa.

Fonte: Com site da Alerj

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