De acordo com investigações da Polícia Civil, o crescente aumento do roubo de cargas na cidade do Rio de Janeiro vem gerando inúmeras consequências desastrosas para a economia carioca, destacando-se o aumento do valor final do produto bem como do valor seguro da carga, a cobrança de taxas extras pelo frete, o desinteresse das seguradoras na renovação do seguro, além da dificuldade de abastecimento de alguns produtos e, consequente, elevação dos preços daqueles insumos que já se encontram no mercado.
Essa mesma investigação revelou que as ações do traficante Sérgio da Costa Brum, o Trajano, fizeram com que esse número de roubos de carga aumentasse na região do Méier, na Zona Norte do Rio. Chefe do tráfico de drogas na comunidade da Camarista Méier, no Engenho de Dentro, Trajano estava preso em penitenciária federal até 2017 mas acabou retornando para a capital fluminense por decisão da Justiça.
A partir daí, reforçou o seu controle na quadrilha, determinando que seu principal braço-direito, Luiz Roberto da Silva Fernandes, o Jamaicano, transmitisse ordens aos traficantes da localidade para que participem de roubos de cargas e veículos.
A região dominada pelo traficante é tida como uma das mais críticas no que diz respeito ao crime de roubo de cargas. A área foi uma das que mais tiveram aumento nos índices do delito de acordo com os números da Polícia Civil. De 2011, melhor ano da série, a 2017, por exemplo, o crescimento foi de 567%.
As investigações ressaltam ainda que a maior parte das mercadorias subtraídas pela organização criminosa acaba sendo vendida no interior da própria comunidade, e a arrecadação acaba por retroalimentar o grupo armado, com a compra de novas armas de fogo, segundo informação prestada por um adolescente envolvido com o bando.
Como funciona
Em parceria com Trajano, Jamaicano tem tido participação ativa nos roubos de cargas, veículos e tráfico de drogas da Camarista Méier, onde é feito o transbordo das mercadorias roubadas servindo sua arrecadação para munir os traficantes de armamentos e drogas.
Jamaicano estaria incumbido também da alocação do efetivo de pessoal destacado dos quadros de traficantes que integram a organização criminosa para as funções de contenção e escolta, como também da disponibilização de fuzis, pistolas e granadas. Da mesma forma, a rede de informações do tráfico de drogas do local -com a utilização de radiocomunicadores - atuaria em auxílio da atividade de transbordo da carga roubada. Segundo informações policiais, os chamados "radinhos do tráfico" receberiam remuneração extra pelo serviço de informar quanto à chegada de forças policiais.