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Música pernambucana invade o Humaitá

O cantor Barro encerra a turnê do seu primeiro álbum

Por Jonas Feliciano em 18/07/2018 às 18:32:44

Cantor pernambucano encerra turnê carioca (Foto: Divulgação/Louise Vaz)

Nesta quinta-feira, 19, o cantor pernambucano Barro vai se despedir da turnê do seu primeiro disco em solo carioca. Atuante há 10 anos na cena musical do Recife, o artista já colaborou em diversos grupos, como a Banda Dessinée, da qual é um dos idealizadores.

Desde o lançamento de "Miocárdio", seu primeiro projeto solo, o artista vem conquistando espaço no Brasil e também na Europa. Lançado em 2016, o disco projetou Barro nacionalmente, levando-o a se apresentar nos principais festivais do país, como Bananada (GO), Vento (SP), Coquetel Molotov (PE) e Do Sol (RN), e a ser incluído em mais de 30 listas de melhores discos do ano, em sites como Rock in Press, Miojo Indie, Trabalho Sujo, entre outros.

"Meu som é um reflexo de tudo o que me interessa e eu me interesso por muitas coisas. Me sinto confortável em defini-lo como um pop brasileiro ou algo que seja bastante amplo, mas que de alguma maneira também aponte que há uma conexão muito forte com a música brasileira. Eu me sinto bem nesse lugar", afirma o cantor.

Produzido com a colaboração de Ricardo Fraga, Rogério Samico, Guilherme Assis, William Paiva e o paulistano Gui Amabis em cinco canções, o álbum possui múltiplos tons, vozes e arranjos em uma viagem musical que sintetiza suas vivências em canções ensolaradas com melodias fortes, criando um pop brasileiro conectado com sonoridades universais.

Para Barro, as influências do seu trabalho também são marcadas pela representatividade cultural do seu estado de origem.

"Toda essa rapaziada pernambucana que veio antes de mim tornaram-se grandes influências. Tenho um vínculo muito forte com a cultura do meu estado, mas os pilares mais importantes do meu trabalho são o interesse pela música pop mundial, pela música nordestina e a música brasileira. Essas são as minhas fontes principais de inspiração".

Encerrando a turnê deste trabalho de estreia, o pernambucano chega ao Rio de Janeiro para um show de despedida que também anuncia seu próximo trabalho, "Somos", previsto para o segundo semestre de 2018.

Em agosto, já deve ser lançado o novo single chamado "Fogo Tenaz". Ao Eu,Rio, Barro adiantou o que o público pode esperar de novidades, depois de ter seu primeiro álbum tão bem recebido pela crítica.

"O novo disco tem muito haver com o caminho que já percorri. É muito coeso e tem uma ênfase muito forte dessa mistura da música brasileira, pop e nordestina. Trabalhamos uma pulsação rítmica forte, com beats e samplers. Isso gera uma atmosfera de muita pulsação, mesmo nas canções mais calmas. Estou muito feliz, pois é um trabalho especial", comemorou.

Para a apresentação no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Humaitá, ele estará acompanhado dos músicos Guilherme Assis (baixo e programações) e Ricardo Fraga (bateria e spds), e contará com a ilustre participação do também pernambucano Tibério Azul.

O carioca Victor Mus, um dos nomes mais promissores da MPB da cidade, abre a noite com o show do EP "Chão de Terra".

O lado B da cena musical brasileira

Enquanto o mercado fonográfico brasileiro é dominado pelo sertanejo universitário, muitos artistas constroem uma carreira de sucesso e conquistam seu próprio público, sem o incentivo da grande mídia.

Existe uma nova geração da MPB que, paralelamente a uma indústria fonográfica restrita a alguns estilos, é valorizada e sobrevive por meio das redes sociais e produções musicais independentes.

Nomes como Tulipa Ruiz, Céu, Silva, Baiana System, Otto, Cordel do Fogo Encantado, Letrux, Criolo, entre outros, são reconhecidos por um público segmentado no Brasil e no mundo.

O retorno do pernambucano Barro ao Rio de Janeiro é o fruto do incentivo e da valorização dos artistas e produtores que acreditam nesse ambiente alternativo.

"É bastante difícil circular pelo Brasil, mas aos poucos vamos conseguindo vencer essa realidade. Agora, esse não é um jogo de igual para igual. Pouquíssimas rádios no Brasil se dedicam a tocar a música de tantos outros artistas interessantes. Músicas, que na maioria das vezes, são bem radiofônicas e com um DNA carregado de potencial. Não há muitos espaços, mas quem está nessa é para transformar esse cenário. A adesão na internet é uma prova de como há gente interessada em ouvir outros sons", relata o cantor Barro.

O produtor carioca João Suprani é alguém que acredita nesse movimento. Ele é um dos responsáveis pela produtora "Rebuliço" e realiza diversos eventos com novos artistas da MPB na cidade do Rio de Janeiro.

"Abrir espaços para novos artistas aqui no Rio é bem complicado. Há poucas casas que atendam shows pequenos e com a qualidade que buscamos. Conseguir negociações financeiramente viáveis também é um esforço constante, já que, apesar da qualidade artística, muitos desses nomes não têm um público que lote os shows. Vamos seguir produzindo, pois acreditamos nesse movimento. Nós vemos a cena nacional cada vez mais criativa e profissional e é importante que haja outras possibilidades na nossa cidade. além dos megaeventos, inalcançáveis para a maioria dos artistas", contou João.

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