Uma milícia atua há quase uma década em Xerém, um dos distritos de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. PMs participariam da quadrilha
Inicialmente, o grupo agia como justiceiros no sentido de executar possíveis criminosos, arvorando-se no papel de autoridade máxima daquela região.
Entretanto, com o passar dos anos, passou a explorar serviços e a vida da população praticando extorsões e furto de combustíveis, além de cometer diversos homicídios.
O chefe do grupo, segundo a Polícia Civil, seria Ricardo Martins Macedo Moreira, o Ricardinho, que se encontra foragido. Ele responde a processos por cometimento de dois homicídios.
"Ele é conhecido miliciano da região possuindo livre acesso a armas de fogo, agindo com violência na localidade, praticando diversos homicídios na região, o que deixa ainda mais evidente seu poder intimidatório", dizem um dos autos.
O primeiro caso ocorreu em 2012 quando ele e um comparsa atiraram em dois homens. Uma das vítimas morreu e a outra, em razão dos ferimentos, chegou a desmaiar mais acabou sobrevivendo pois foi socorrida por PMs. Seu parceiro neste crime, conhecido como Leandrinho, foi assassinado em 2016 quando era pré-candidato a vereador.
O outro homicídio foi contra Fábio de Barros de Oliveira pelo fato da vítima se recusar a pagar a taxa cobrada pela milícia.
Um PM supostamente envolvido com o grupo e um outro miliciano que foram presos recentemente respondem a um processo por homicídio ocorrido em fevereiro do ano passado.
A dupla em uma motocicleta se aproximou de um grupo depessoas que conversavam na calçada de uma via pública em Xerém, e efetuaram disparos de arma de fogo na direção delas, causando a morte de uma pessoa e lesões corporais em outra. O crime ocorreu, porque os denunciados desconfiaram que as vítimas e outros moradores da localidade faziam parte do tráfico de drogas e que um possível movimento de traficantes poderia atrapalhar os seus negócios, pois pretendiam montar um comércio no local.
Monopólio do gás e furto de dutos da Petrobras
A milícia monopoliza comércio de gás dos moradores, que eram obrigados a comprar diretamente com os vendedores indicados pelos paramilitares com um valor acima do mercado.
Os paramilitares foram acusados até mesmo de dominar uma cachoeira, que é utilizada como lazer de moradores. Denúncias que foram divulgadas pela imprensa revelam que os milicianos teriam proibido a entrada de pessoas no local.
Nesta semana, a Polícia Civil realizou uma operação contra furtos de oleodutos da Petrobras e ao menos quatro integrantes da milícia de Xerém estariam envolvidos. Os paramilitares recrutariam ex-funcionários de uma subsidiária da empresa para ajudar nos crimes. Um PM que seria suspeito de participar do esquema e integrar o grupo paramilitar foi preso.
Uma derivação clandestina que contou com a participação da milícia provocou um enorme vazamento de gasolina, ferindo quatro pessoas e que resultou na morte da menina Ana Carolina Pacheco Luciano, de nove anos, que teve 80% do corpo queimado ao cair em um poço de gasolina Tipo A, em abril deste ano, no bairro Amapá, em Caxias.
Nesta sexta-feira (27), foi preso um integrante da milícia de Xerém: Carlos José da Silva Coelho, conhecido como Chapoca. Ele seria o responsável pelas cobranças a vítimas do grupo paramilitar. Foram apreendidas roupas táticas e uma espingarda.
Violência doméstica
Ricardinho foi condenado por um crime de violência doméstica contra uma ex-companheira. Ele aplicou-lhe uma gravata, agrediu-a com uma garrafa de refrigerante, ameaçou-a de morte e ainda ateou fogo na casa onde ela morava. Tudo aconteceu depois de o suspeito ler no Facebook uma notícia de um homicídio atribuído a ele e a um comparsa. Chegou a ser preso por causa deste fato.
Ricardinho seria dono de uma empresa de transporte em Xerém.