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Líderes religiosos fazem ato em memória de Ágatha em frente ao Palácio Guanabara

Criança foi morta no último dia 20 e teria sido feita por um fuzil de policiais

Por Anderson Madeira em 27/09/2019 às 23:31:48

Foto: Anderson Madeira

Contra a violência, fé, atitude e oração. Um grupo de líderes de várias religiões, entre os quais, candomblecistas, judeus, católicos, anglicanos, luteranos e pastores evangélicos, promoveram nesta sexta-feira, o ato inter-religioso “Não matem as nossas crianças”, em frente ao Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado, no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. O evento visou protestar contra a política estadual de segurança pública e chamar a atenção da sociedade civil. O ato foi organizado pela Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) e teve a Frente Evangélica pelo Estado de Direito, Nossa Igreja Brasileira, Miqueias Brasil, Visão Mundial, Rio de Paz, Comunidade Batista, entre outros.

Munidos de faixas e cartazes, os líderes religiosos fizeram orações pedindo para que não houvesse mais mortes de pessoas inocentes e paz e discursaram, posicionando-se contrários à política de enfrentamento à violência do governo estadual. O ato foi ainda em memória de Ágatha Félix, de oito anos, morta por um tiro nas costas em uma operação da Polícia Militar no Complexo do Alemão, no último dia 20. Segundo os moradores da comunidade, o tiro, de fuzil, teria sido disparado por um PM. O caso ainda está sendo investigado.

Os presentes lembraram também as mortes de Jenifer Cilene Gomes, de 11 anos; Kauê Ribeiro dos Santos, 12; Kauan Peixoto, 12 e Kauan Rosário, 11. Todos eles vítimas de balas perdidas este ano. Antes do ato, a segurança do Palácio Guanabara colocou cercas gradeadas ao redor do prédio, impedindo que os manifestantes fizessem o evento no pátio e ficassem na calçada.

“A gente tem observado que os nossos governantes da cidade, do Estado e do país tem direcionado as suas falas para os evangélicos. A gente quer marcar posição de que os evangélicos não são um bloco homogêneo. Então, nós, evangélicos, nos levantamos, junto ao apoio de outros líderes religiosos, para marcar posição contra a morte, qualquer injustiça e essa política genocida. O Witzel tem que entender que nós evangélicos não somos favoráveis a essa política de extermínio”, disse o pastor Ismael Lopes, membro da Nossa Igreja Brasileira e Miqueias Brasil. “Pedimos a presença do secretário de segurança e do governador. Não veio ninguém. Daqui em diante, vamos continuar marcando posição. Já foi feita solicitação de encontro com o governador”, acrescentou.

Segundo o reverendo Antônio Berto, da diocese do Rio de Janeiro da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, o movimento pensa em apontar caminhos. “ Muitas Ágathas têm sido abatidas nas favelas. A gente não pode ficar calado diante de uma bruta, violência que acontece contra o ser humano. Infelizmente no momento estamos muito mais numa ação de reação, que apontando caminhos. É possível que se faça uma política de segurança com o mínimo de violência. O grupo tem se reunido discutindo isso”, contou.

“Um ato importante de religiosos, que afirmam a cultura da vida, que não banalizam nem naturalizam a morte, e que denunciam a atual política de segurança, uma política sangrenta, genocida, violenta, infrutífera e perversa. Nossas igrejas, os terreiros, sinagogas, continuamos em permanente luta por uma cultura de paz”, definiu o pastor Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho.

“Tem religiosos que defendem o ódio, a perseguição, o racismo, indiferentes à vida. Estamos aqui para dizer que não. Não dá para manter essa política do jeito que está. Não só tem criado vítimas entre crianças e jovens, como também os próprios policiais. O governo precisa ter política de segurança baseada no diálogo. Esperamos que esse ato sensibilize a sociedade”, disse o babalorixá Ivanir dos Santos.

A pastora Luzmarina Garcia, da Igreja Luterana, representando o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, informou que as entidades estão mobilizando os fiéis. “ Nossas organizações estão se pronunciando, inclusive nas redes sociais. Encaminhamos cartas às igrejas para mobilizar as pessoas. Para que esta política de segurança pública seja revista”, informou.

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