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Estresse e sobrecarga afastam quatro a cinco PM's por dia no Estado do Rio

Centro de Psicologia fez 30 mil atendimentos em 2018, 44% deles com policiais da ativa; cada profissional evita que pelo menos três policiais cometam suicídio

Por Portal Eu, Rio! em 30/09/2019 às 07:12:10

Confrontos frequentes e jornadas extensas ajudam a explicar 30 mil consultas psicológicas e psiquiátricas por ano entre policiais no Estado do Rio Foto Agência Brasil Tomaz Silva

Por dia, de quatro a cinco agentes de segurança pública são afastados por problemas psiquiátricos no Rio de Janeiro. Para ele, a carga horária de trabalho intensa é um dos fatores que prejudica o psicológico dos profissionais. A informação é do presidente de análise de vitimização da Polícia Militar, coronel Cajueiro, durante audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que discutiu, na sexta-feira (27/09), os problemas de saúde enfrentados pelos agentes de segurança e a prevenção ao suicídio.

“Os comandantes, por exemplo, não tem folga. Eles trabalham 24h, nos sete dias da semana. Isso gera uma série de problemas de saúde, principalmente com a alteração de ciclo de sono e com a adrenalina provocada nos combates. Para se ter uma ideia, quase 100% dos nossos policiais vitimados pensam em se suicidar”, afirmou o coronel.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) conta, atualmente, com um déficit de 30 psicólogos e 18 psiquiatras na corporação. A demanda foi apresentada pelo tenente coronel psicólogo Fernando Derenusson, também durante a audiência. Criado em 2002, o centro de psicologia da Polícia Militar funciona com 93 psicólogos e dois psiquiatras. Somente no último ano os profissionais realizaram cerca de 30 mil atendimentos, sendo 44% dessas consultas com policiais da ativa.

“Nós operamos de maneira suficiente na região metropolitana do Estado, mas acabamos perdendo cobertura no interior. Por isso é importante ter mais psicólogos e psiquiatras para atender não só os policiais como as famílias desses agentes”, justificou Derenusson. O tenente coronel ainda ressaltou que mesmo com uma quantidade insuficiente de psicólogos na corporação, cada profissional consegue evitar que pelo menos três policiais cometam suicídio.

Mais policiais se suicidaram do que morreram em serviço, de acordo com Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Segundo dados do Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apresentados pela presidente da Comissão, deputada Renata Souza (PSol), o número de policiais que cometeram suicídio no Brasil em 2018 (104 ao todo) foi maior que a quantidade de PMs que morreu em decorrência de confronto nas ruas (87), enquanto estavam em serviço. Só este ano, 45 policiais já morreram e cinco cometeram suicídio no Rio de Janeiro.

Para contribuir na diminuição dessa estatística, a Alerj aprovou no último dia 26/09 o projeto de lei 1.183/19, de autoria da deputada, que cria um programa de combate ao suicídio e sofrimento psíquico de agentes de segurança. “É expressiva a quantidade de agentes com sérios problemas psicológicos, como crise de ansiedade e depressão. Queremos com esse projeto que o estado passe a ser responsabilizado pela morte desses policiais, já que entendemos que esse é o resultado de uma segurança pública firmada no confronto e na guerra”, justificou Renata Souza. O texto será encaminhado ao governador Wilson Witzel, que terá até 15 dias úteis para sancionar ou vetar a medida.

Subnotificações, para evitar que as famílias deixem de receber pensão, indicam potencial de atentados contra a vida

Para a especialista Dayse Miranda, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Suicídio e Prevenção (GERSP), o volume de suicídios pode ser ainda maior do que o apresentado no relatório do Fórum. “Estamos mapeando os dados de suicídio desde 2009 e sabemos que as instituições policiais não têm um trabalho de coleta sistemática, por isso acreditamos na subnotificação desses dados. O suicídio de policiais tem uma característica bem específica. Muitos agentes que tentaram suicídio relataram que entraram nas favelas sem colete para não ter a sua morte registrada como suicídio. Esses casos existem aos montes e, por isso, a dificuldade em dar de forma assertiva essas estatísticas”, concluiu Dayse.

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