O Museu Nacional/UFRJ e o Arquivo Nacional/MJSP inauguraram, nesta quarta-feira (2), a exposição Os Primeiros Brasileiros. A mostra itinerante, com concepção e curadoria do antropólogo João Pacheco, que percorreu diversas capitais e foi exibida no exterior, ficará em cartaz na sede do Arquivo Nacional, no Centro do Rio de Janeiro até final de abril de 2020. Os Primeiros Brasileiros já foi visitada por 250 mil pessoas e é integrada por fotografias, músicas e filmes que expressam a rica cultura produzida por dezenas de povos que vivem na região Nordeste. A entrada é gratuita.
A exposição reúne peças do acervo que não foram atingidas pelo incêndio porque, em setembro de 2018, estavam em uma mostra no Distrito Federal. Como instituição parceira do Museu Nacional, o Arquivo Nacional está atuando em uma série de ações que envolvem, além da exposição “Os Primeiros Brasileiros”, aguarda de acervo, doação de mobiliário e auxílio técnico para a instituição.
“O público tem a oportunidade de conhecer detalhes sobre a importância política, econômica e cultural dos povos indígenas em diferentes momentos da história brasileira. São imagens e informações de natureza histórica e etnográfica que favorecem a crítica a antigos preconceitos e propiciam o despertar de novas questões e formas de abordagem. O conceito da exposição permite uma identificação positiva com aquelas coletividades e um melhor entendimento de práticas, valores e utopias”, explica João Pacheco.
A exposição ocupa dois espaços da sede do Arquivo Nacional: a idealização nacional (a história que pode ser lida nos livros e documentos) e o mundo indígena (lutas e desafios), foi concebida a partir de 13 anos de trabalho de João Pacheco, em parceria com pesquisadores do Museu Nacional/UFRJ e da Fundação Joaquim Nabuco (Pernambuco). É importante registrar que as participações de lideranças indígenas, representadas pela APOINME/Articulação dos Povos de Comunidades Indígenas do Nordeste, Espírito Santo e Minas Gerais, foram decisivas em todo o processo.
Com 40 painéis e 70 peças etnográficas, e um vídeo documentário, Primeiros Brasileiros retrata, de forma sintética, registros de memórias sobre a cultura indígena, unindo o passado ao presente.
Na primeira sala, no salão nobre, por onde a exposição começa, as peças apresentam a visão da sociedade sobre os indígenas e destaca como o olhar romantizado deixa de lado a verdadeira história dessas pessoas que, de forma impositiva, foram escravizados e perderam língua e cultura. O público poderá observar painéis com imagens de quadros famosos, como por exemplo, A Primeira Missa no Brasil e O Último Tamoio, em que os indígenas são retratados apenas como partes da paisagem tropical ou com povos em extinção.
Já na segunda sala, localizada no térreo, o público é convidado a ver os indígenas como agentes e protagonistas de sua história. São apresentadas cenas de seu cotidiano passado, que permite que sejam compreendidos como povos bonitos, altivos e ricos, não como uma população pobre, sem governo e cultura. Em sua contemporaneidade, estes povos articulam intimamente as suas formas culturais com as suas lutas atuais por direitos e reconhecimento.